Mudanças no estilo de vida de profissionais da saúde após participação em curso voltado ao cuidado de pessoas com obesidade : projeto ECOASUS-PE

Abstract

O estilo de vida pode ser definido como o conjunto de hábitos e costumes modificáveis, incluindo alimentação e exercício, além do uso de substâncias como o álcool e tabaco. Os profissionais de saúde são responsáveis por promover estilos de vida mais saudáveis, mas nem sempre conseguem incluir essas práticas em suas rotinas. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar as mudanças no estilo de vida de profissionais da saúde após a participação em curso voltado ao cuidado de pessoas com obesidade. Esta pesquisa faz parte do projeto “Processos formativos para o enfrentamento e controle da obesidade no âmbito do Sistema Único de Saúde em Pernambuco – ECOASUS-PE, mais especificamente o eixo de formação, que contemplou um curso de atualização e outro de aperfeiçoamento. Trata-se, de um estudo do tipo quase experimental, utilizando o método de série consecutiva, tendo como público-alvo os profissionais de saúde vinculados à atenção básica de Pernambuco. O grupo intervenção foi composto por profissionais que realizaram o curso de aperfeiçoamento do projeto ECOASUS- PE, intitulado “Enfrentamento e Cuidado da Obesidade na Atenção Básica”, e o grupo controle por profissionais que realizaram a inscrição no curso, mas não participaram. Foram coletadas variáveis socioeconômicas e demográficas, autopercepção de saúde, estado nutricional e estilo de vida no momento inicial e final do curso, ou seja, em junho de 2021 e janeiro de 2022, respectivamente, período da pandemia da Covid-19. Foi aplicado o teste qui-quadrado para homogeneidade das associações. Participaram do estudo 109 profissionais de saúde, 51 constituindo o grupo intervenção (GI) e 58 o grupo controle (GC). No GI, observou-se aumento significativo na preferência de "consumo de frutas, verduras e legumes orgânicos" (p = 0,007) e no hábito de "comer fruta no café da manhã", (p = 0,001), após o curso. Além disso, a maioria dos profissionais de saúde melhorou a autopercepção de saúde (p=0,049), reduziram o hábito de fumar (p=0,027) e melhoraram o estilo de vida (p= 0,038). Na etapa final, o excesso de peso foi significativamente menor no GI (GI = 35,2%; GC = 55,2%; p = 0,038), assim como a autopercepção do estado nutricional, onde 45,5% que disseram estar com excesso de peso, apresentaram IMC < 25, assim como, consumo inadequado de bebida alcoólica (GI final = 9,8%; GC final = 25,9% p= 0,031), os hábitos alimentares não saudáveis (GI final = 25,5%; GC final = 44,8%; p=0,036), e o estilo de vida não saudável (GI final = 9,8%; GC final = 31,0%; p=0,007) não saudáveis. Vale destacar que as mulheres apresentaram uma maior disponibilidade para mudanças comportamentais do que os homens (p=0,012). Por fim, a participação no curso do ECOASUS-PE gerou mudanças positivas no autocuidado e no estilo de vida dos profissionais da saúde. Espera-se que o cuidado com quem cuida seja uma condição indispensável para qualificação dos cuidadores do Sistema Único de Saúde (SUS), em seus respectivos territórios vivos, assim como, que essa pauta esteja presente nos diálogos, ações e políticas estratégicas de cuidado a saúde dos brasileiros.