Arquitetura em Código Aberto: crítica ao conceito e algumas perspectivas

Abstract

O conceito de software livre e de código aberto é amplamente difundido no campo da informática, sendo um movimento social e uma metodologia de desenvolvimento que rompe com o modelo tradicional, promovendo uma alternativa mais eficiente e para muitos moralmente correta. Em virtude do seu sucesso, o conceito influenciou discussões e iniciativas também no campo da arquitetura, apontando a arquitetura em código aberto como um novo paradigma de concepção e produção do espaço. Esse movimento, porém, encontrou dificuldades conceituais e práticas, não explorando o potencial do movimento de código aberto original. No campo da informática, esse conceito é fortemente artelado à sua antítese, ou seja, ao softwares em código fechado, às empresas monopolistas e à remoção de direitos dos usuários. Na arquitetura, por outro lado, inicialmente o código aberto era compreendido como uma inspiração que deve ser investigada, mas sem um sentimento de resistência, como ocorre na informática. O discurso do movimento software livre fez brilhar os olhos dos arquitetos, mas entre os autores pesquisados as razões que fundamentaram o surgimento do software livre foram pouco exploradas. No entanto, com a dependência cada vez maior das tecnologias digitais no campo da arquitetura, algumas questões debatidas no princípio do movimento software livre tornaram-se relevantes para os arquitetos, como o monopólio de ferramentas, por exemplo. Assim, apesar do aspecto da eficiência proporcionado pelo modelo de desenvolvimento em código aberto, pensar uma arquitetura em código aberto exige também compreender a origem histórica do movimento.