Estado do Conhecimento, variação espaço-temporal da abundância e estrutura populacional da Scomberomorus cavalla (Cuvier, 1829), explorada na região nordeste do Brasil

Abstract

Compreender o grau de conhecimento sobre os recursos marinhos explorados é essencial para a implementação de políticas de ordenamento, favorecendo assim o desenvolvimento de uma pesca sustentável. Com isto, o presente o estudo se propôs a realizar um levantamento bibliométrico sobre o gênero Scomberomos na região do oceano Atlântico Ocidental, e analisar as variações espaço-temporais da abundância e estrutura populacional da cavala-branca, Scomberomorus cavalla, na região nordeste do Brasil. Uma bibliometria foi realizada na base de dados “Scopus”. Dois bancos de dados foram utilizados para o estudo das variações da abundância e estrutura populacional: projeto REVIZEE (1998-2000), abrangendo os estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, e o projeto REPENSAPESCA (2019-2021), com desembarques registrados apenas no Rio Grande do Norte. A abundância foi estimada através da CPUE (captura por unidade de esforço), gerada a partir da divisão do peso total da espécie pela quantidade de dias de pesca. A relação entre abundância e as variáveis temporais e espaciais foi estabelecida através da utilização dos modelos aditivos generalizados (GAM). Enquanto para variações da estrutura populacional foram analisados os comprimentos e idades ao longo do tempo. Os estudos sobre o gênero Scomberomorus na região do Atlântico Ocidental foram impulsionados a partir dos anos 80 e os principais temas abordados foram aspectos ecológicos gerais do táxon. Os países que mais publicam sobre o gênero são o Brasil e os EUA, sendo o primeiro com mais publicações colaborativas. O modelo estabelecido para abundância relativa da cavala-branca na região nordeste indicou que as variáveis distância da costa, estados e meses foram estatisticamente significativas para o período de 1998 a 2000. Enquanto, a profundidade, tipo de substrato e meses foram significativas para o modelo do período de 2019 a 2021. As maiores abundâncias foram estimadas no primeiro período estudado. A partir da relação da abundância com as variáveis preditoras observou-se que a espécie habita áreas da plataforma continental externa, próximas ao talude e que as maiores agregações ocorrem durante o primeiro semestre em ambos os períodos. As proporções de jovens e adultos nas capturas foram semelhantes para os dois períodos. De uma forma geral, a estrutura de tamanhos e idades, assim como a abundância não apresentaram grandes variações, no intervalo de aproximadamente 20 anos de exploração. Entretanto, o segundo período de estudo abrangeu apenas o estado do Rio Grande do Norte. Estudos que contemplem toda a região nordeste são necessários, a fim de verificar qual a real situação da abundância e estrutura populacional da cavala-branca em todo o nordeste brasileiro.