Performance ventre- entre (re) encontro e (re) memória : uma relação de corpo, história, identidade e religiosidade em um tempo espiralado

Abstract

A presente pesquisa surge de um processo artístico que parte de uma urgência em me pronunciar e me encontrar com a ancestralidade pulsante ligada às Matrizes Africanas. Uma busca identitária, corporal, artística e religiosa que resultou numa escrevivência para sobreviver e resgatar memórias. Hoje, consciente da invisibilidade e do lugar que os meus ancestrais ocupam na história dessa nação, percebo que minha vivência é válida também para lutar pela visibilidade da cultura dos meus ancestrais, na devolução dos conhecimentos roubados, distorcidos pelas pessoas brancas; e combater o racismo de diversas formas de preconceitos vivenciados no cotidiano na sociedade brasileira. A escrevivência como metodologia permitiu grafar, corporificar minha conexão com Yemanjá, desde quando era um feto dentro da minha mãe consanguínea, passando pelo processo de construção da performance Ventre até me compreender candomblecista, é um processo de autodescoberta religiosa e identitária. Desse modo, este trabalho é relevante para os estudos étnicos raciais no campo das artes cênicas, especificamente, na dança. O referencial teórico é constituído, em maior parte, por intelectuais mulheres pretas como Grada Kilomba, Leda Maria Martins, Conceição Evaristo e Roseane Lopes, tem como principal ferramenta para o desenvolvimento da performance uma das versões dos mitos da Orixá feminina Yemanjá de Reginaldo Prandi e com Jorge Sabino e Raul Lody (2011) para a questão do figurino/indumentárias e as movimentações dessa divindade.