Estética, imaginário e saber afrodiaspórico: dimensões simbólicas do Candomblé Jeje-Mahi, no Terreiro T’Aziry Ladê.

Abstract

Esse artigo apresenta resultados de uma análise estética relativa às instrumentárias utilizadas para a manutenção do Candomblé de nação Jeje-Mahi do Terreiro T’Aziry Ladê, situado na cidade de Caruaru, no Monte Bom Jesus. As concepções dispostas no Terreiro adentram as periferias geográficas e epistêmicas, a proposição do estudo dos artefatos que constituem as noções estéticas relacionadas às suas divindades, intituladas Voduns, em um espaço acadêmico, resguardam o caráter decolonial desse trabalho. Tais objetos, expoentes estético-simbólicos do imaginário afro-brasileiro disposto nessa comunidade, confluem em suas dimensões de culto. Nesse sentido, é expressa a perspectiva que dá vazão às emanações presentes na constituição e práticas dos povos tradicionais de terreiro. O objetivo geral desse estudo tangencia: compreender como a estética de artefatos representa a resistência religiosa do candomblé de nação Jeje-Mahi no agreste pernambucano considerando uma perspectiva imagética e decolonial a partir da estética e do imaginário. Para compreensão dos desdobramentos procedentes das realidades sociais, o caráter qualitativo se dimensiona a partir da abordagem decolonial dos saberes dessa tradição, e conflui em uma análise relativa à Teoria do Imaginário postulada por Gilbert Durand. A metodologia fenomenológica orienta a investigação dos fenômenos em direção à possibilidade de dar vazão a perspectivas não redutoras, envolvendo as pluralidades do grupo, para além de suas tradições. Registros fotográficos dos instrumentos de culto, e a construção do diário de campo, cristalizam as impressões obtidas por observação participante, que, contrapostas à Teoria do Imaginário de Gilbert Durand, objetivam encontrar correspondências às suas categorias. Os resultados obtidos confluem na análise exitosa das dimensões inteligíveis presentes nos artefatos de culto, que manifestam sensivelmente aspectos inerentes a natureza das divindades as quais são atribuídos, adentrando o imaginário particular do corpo de culto do Terreiro e suas emanações, através do percurso que se transfigura do individual ao grupo.