Estratigrafia química e espectral da formação estiva (Albiano superior- turoniano) da Bacia Pernambuco, NE do Brasil

Abstract

A Bacia Pernambuco é uma das bacias marginais do Atlântico Sul, formada durante a quebra do supercontinente Gondwana na era mesozoica. Este estudo foi desenvolvido em um ambiente carbonático intensamente dolomitizadas da Formação Estiva, depositadas durante a fase drifte (Albiano superior-Turoniano). Foram determinados os aspectos petrográficos, as assinaturas espectrais, e os teores geoquímicos de carbono orgânico total, enxofre total e nitrogênio total, bem como os isótopos estáveis de carbono orgânico (13C/12C) e nitrogênio (15N/14N) na sondagem estratigráfica 1 LABIO PE 1. Foram identificados: dolowackestones e dolopackestones com pelóides e siliciclásticos, margas, folhelhos e arenitos calcíferos como principais litologias bem como a ocorrência de veios ricos em calcita. As concentrações de COT (0.19 e 3.6%) e ST (0,02 e 1,32%) sugerem deposição desde condições de água doce à água salina (marinho). Já a relação entre δ13C e a razão TOC/TN sugerem uma matéria orgânica rica em fitoplâncton marinho e plantas terrestres tipo C3. Assinaturas geoquímicas de δ13Corg entre -24,65 e -18,51‰ e de δ15N entre +0,93 e +5,44‰, sugerem que o intervalo estratigráfico estudado foi depositado durante o evento de anoxia global 2, ocorrido na passagem Cenomaniano-Turoniano (~94Ma). As assinaturas espectrais das litologias existentes na sondagem apresentaram as seguintes feições: os dolomitos apresentaram feição assimétrica em ~2320nm, relacionado a interação C-O; já os folhelhos possuem assinatura simétrica em ~2210nm, relacionado a interação Al-OH e a presença de ilita-smectita como principais argilominerais. Já as margas possuem duas feições características em ~2210nm relacionado a interação Al-OH e ~2320nm relacionado a C-O. Os veios de calcita apresentaram feições em 2340nm relacionados a interação C-O. Foram diferenciadas três sequências estratigráficas de terceira ordem, limitadas pela superfície de inundação máxima (SIM). Cada sequência está limitada por superfícies de inundação máxima, marcados por valores de COT de até 3,6%. O aumento de argila marcado pela absorção em 2210nm foi também relacionado a superfícies de inundação máxima.