Modelo de produtividade primária de Behrenfeld-Falkowski derivado do sensor MODIS/Aqua para a pluma do Rio Amazonas

Abstract

A produção primária (PP) é a síntese da matéria orgânica a partir de compostos inorgânicos. Ela alimenta a vida nos oceanos, conduz ciclos químicos e diminui o carbono atmosférico, sendo assim, imprescindível sua medição. Medição essa que pode ser realizada tanto por métodos diretos quanto indiretos. Entretanto, apesar dos métodos diretos serem mais precisos, os dados obtidos por eles são escassos em vista do oceano global e, em sua maioria, não oferecem cobertura temporal. Diante disso, os dados de satélite (método indireto) forneceram uma revolução dentro da oceanografia. Através de sensores instalados em plataformas espaciais, o sensoriamento remoto fornece os parâmetros necessários para a utilização de modelos de PP. Diante disso, o objetivo principal deste trabalho foi a aplicação do Modelo de Produtividade Verticalmente Generalizado (VGPM), proposto por Behrenfeld-Falkowski, na pluma de um dos mais extensos sistemas hídricos do globo, o Rio Amazonas. Foram utilizados dados in situ de clorofila-a (Chl_a), de temperatura da superfície do mar (TSM) e de radiação fotossintéticamente ativa (PAR) obtidos através dos cruzeiros oceanográficos Camadas Finas III (CFIII) e V (CFV). Esses dados serviram para calibrar e validar os dados de satélite e assim aplicar no VGPM. Através de dados de satélite corrigidos e não corrigidos a partir dos dados in situ foram geradas figuras de concentração e distribuição de Chl_a e, por conseguinte, figuras de concentração de PPL através do modelo. Os valores de Chl_a foram superestimados tanto para o CFIII quanto para o CFV, fato provavelmente relacionado com a matéria orgânica dissolvida cromófora (CDOM) que interferiu na detecção de Chl_a pelo sensor do satélite. Como o VGPM também utiliza esses dados, as concentrações de PPL também foram superestimadas, mostrando a importância do pré-tratamento e sugerindo a utilização de outro modelo que não sofra tanta interferência da zona costeira. Pode-se dizer que a Pluma do Rio Amazonas possui alta PPL, entretanto as concentrações obtidas aqui são superiores às concentrações reais. A metodologia utilizada neste trabalho ressalta a importância de métodos indiretos para medição de PPL, deixando claro que há limitações e reforça a necessidade de obtenção de dados in situ, tanto para validar e calibrar dados de satélite quanto para compreensão da dinâmica física, química, biológica e geológica de locais complexos como plumas de rios.