Ensino Médio na Pandemia da Covid-19 em uma Escola de Referência de Recife/PE: que educação foi construída?

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo educativo construído durante a pandemia, nos anos de 2020 e 2021, a partir das narrativas dos docentes e discentes da EREM Jornalista Trajano Chacon, localizada em Recife/PE, selecionada como estudo de caso, e de dados sobre o contexto da educação na esfera estadual e federal. Os objetivos específicos do estudo foram analisar o que acarretaram as mudanças no formato de aula realizado durante a pandemia: na metodologia de ensino, na relação entre professor/a e aluno/a, na frequência dos/as alunos/as às aulas e na qualidade do processo educativo; investigar os desafios e as estratégias construídas pela escola para acompanhamento e avaliação do desempenho dos/as discentes, a partir das narrativas desses/as e dos/as docentes da escola acompanhada; por fim, compreender qual foi o impacto do ensino nos períodos em atividades remotas e híbridas para os/as discentes e a readaptação na volta ao ensino presencial, em meio à reforma Novo Ensino Médio. Para responder essas questões, a pesquisa conjugou revisão de literatura, análise de dados secundários, realização de entrevistas semiestruturadas, aplicação de formulário-questionário e registros da etnografia/diários de campo realizados durante os estágios-pesquisa desenvolvidos na EREM em foco. Concluiu-se que a educação construída nesse período na EREM gerou sérias consequências sobre a realidade atual dos/as discentes pelo fato de poucos estudantes terem tido acesso a uma frequência plena das aulas e pelo fato de as aulas, além de terem tido carga horária reduzida, foram realizadas de forma conteudista. Muitos/as discentes afirmaram não terem tido desenvolvido bem a aprendizagem dos conteúdos, e o ensino nesse contexto foi visto, pela maior parte dos/as interlocutores, como de baixa qualidade. Nesse sentido, é de suma importância agora entender os efeitos da falta de acesso a uma educação satisfatória para tantos/as jovens nesse período para se conseguir uma resolução adequada e a tempo, no âmbito micro e macrossocial, para que a realidade de desigualdades escolares dessa geração não gere mais desigualdades sociais.