Estudos sobre a viabilidade geotécnica de camada de cobertura oxidativa com uso de composto orgânico

Abstract

O Brasil, como país de grandes dimensões e em situação emergente, apresenta disparidades de condições econômicas, sociais, geográficas e climatológicas também em grande escala. Dessa forma, apesar da criação da Lei 12305/2010 (BRASIL, 2010), que instaurou a Política Nacional de Resíduos Sólidos e exigiu que até 2014 todos os municípios do país tivessem uma destinação adequada dos resíduos, os problemas encontrados inviabilizaram esta previsão, e ainda grande parte dos municípios destina seus resíduos inadequadamente em lixões ao céu aberto ou aterros controlados, acarretando problemas de ordem social, sanitário e ambiental. Uma das dificuldades encontradas é a busca por materiais adequados para as camadas de cobertura, que sejam funcionais e a preços acessíveis, principalmente a municípios de menor porte aquisitivo ou situado em regiões áridas, em que o uso de camadas convencionais apresenta problemas, com ressecamento e abertura de fissuras, que permitem a entrada de água de precipitações e saída de gases de aterro, ricos em CH4, que contribui para carga antrópica de gases de efeito estufa. Dessa forma, procurou-se estudar a viabilidade da associação de solos argilosos (mais adequados usualmente a camadas de aterros sanitários) com material estabilizado de leiras de compostagem (que geralmente se destinam a adubos ou mesmo ao descarte em aterros) para a elaboração de camadas de cobertura oxidativas, ou seja, que além de cumprir com as funções necessárias a uma camada convencional, ainda permitem a oxidação do CH4 produzido nos aterros sanitários. Dessa forma, analisando as misturas de composto e argila em proporções volumétricas 1:1 e 2:1, respectivamente de solo:composto, os ensaios geotécnicos preliminares permitiram aferir positivamente a sua utilização, mesmo em proporções mais elevadas (como na proporção 1:1 volumétrica), com boas características de resistência por meio de ensaios de cisalhamento e triaxial, boa absorção de água, analisando curvas de compactação por meio de ensaio Proctor normal, e ainda com bons resultados também no que se refere a permeabilidade, com baixa permeabilidade ao ar e a água, garantindo assim, margens para um uso adequado de material antes descartado e ainda permitindo a adoção de um meio mais sustentável para destinação dos resíduos sólidos urbanos (RSU) com o uso de aterros sanitários, sem prejuízo da estabilidade e segurança geotécnica do local.