Distribuição regional da ventilação pulmonar em pacientes críticos com COVID-19

Abstract

Embora pacientes críticos com COVID-19 preencham a definição mais ampla de SDRA, ainda são conflitantes as evidências a respeito da distribuição das áreas de acometimento pulmonar e como esta pode influenciar na oxigenação e mecânica ventilatória destes pacientes. Neste cenário, o uso de tecnologias para diagnóstico por imagem à beira-leito como a Tomografia de Impedância Elétrica (TIE) podem auxiliar na avaliação e tomada de decisão clínica. Assim, o objetivo desta dissertação foi descrever o padrão de distribuição regional das áreas de hipoventilação pulmonar em pacientes com SDRA relacionada à COVID-19 sob ventilação mecânica invasiva, além de verificar a associação destes padrões com a complacência do sistema respiratório e troca gasosa. Trata-se de um estudo transversal, resultante de uma análise de dados secundária a um ensaio clínico do mesmo grupo de pesquisa. Foram selecionados 53 participantes internados em Unidade de Terapia Intensiva especializada no atendimento de pacientes com COVID-19, em uso de ventilação mecânica. Foi realizada a avaliação da distribuição da ventilação pulmonar através da Tomografia de Impedância Elétrica (TIE). A mecânica do sistema respiratório e a gasometria arterial também foram avaliadas. Para análise, as imagens pulmonares foram divididas em quadrantes de igual tamanho e as imagens foram categorizadas de acordo com a porcentagem da mudança na impedância para cada quadrante. Foram identificadas quatro padrões de distribuição das áreas de hipoventilação pulmonar, em ordem de prevalência: ventilação dorsal bilateral preservada; hipoventilação dorsal unilateral; hipoventilação dorsal bilateral; hipoventilação unilateral. Dentre os padrões, os pacientes com hipoventilação dorsal bilateral apresentam maior nível de comprometimento da oxigenação indicado pela relação PaO2/ FiO2, no entanto não há diferença nos valores de complacência do sistema respiratório entre os padrões analisados.