Identificação de localidades remotas na Amazônia para atendimento por transporte aéreo subsidiado a partir de critérios de classificação como linha de vida

Abstract

A percepção de que o transporte aéreo promove o crescimento econômico regional tem fomentado investigações sobre o transporte aéreo regional e os incentivos necessários para o seu desenvolvimento. Dependendo dos tipos de financiamento utilizados e dos resultados dos investimentos, vários países estabeleceram estratégias específicas de subsídios visando à integração de suas regiões por meio de serviços aéreos. Por outro lado, alguns estudos explicitam os atributos considerados para as áreas atendidas, demonstrando sua dependência do transporte aéreo por ser o único meio de transporte viável, face à indisponibilidade de acesso por outros modos de transporte. O objetivo desta tese é identificar localidades remotas na região da Amazônia, que justifiquem a aplicação de subsídios públicos para a implementação de rotas aéreas como serviço público essencial para o bem- estar e segurança das populações isoladas. Para isso, foram coletadas informações socioeconômicas de 1.365 rotas subsidiadas em 28 países das Américas, Ásia, Europa e Oceania, total que representa as informações disponibilizadas pelos países que adotam a prática de subsídio ao transporte aéreo por razões diversas. Foi utilizado um modelo estatístico de regressão logística em que os perfis das comunidades atendidas foram divididos em oito clusters, sobre os quais foram aplicados testes de hipóteses, com o que se identificou a não normalidade das distribuições de frequência de todas as variáveis, tanto o conjunto de linhas subsidiadas de natureza econômica quanto aquelas consideradas como linhas de vida, caracterizadas como elo essencial para comunidades remotas. Os dados foram processados com uma modelagem de função de utilidade de linha subsidiada, que indica uma priorização de rotas aéreas a serem subsidiadas. Os resultados revelaram que áreas remotas localizadas em ilhas, altas latitudes ou florestas densas e impenetráveis, dependem quase inteiramente do transporte aéreo como meio de transporte. A função utilidade, simulada para comunidades isoladas da floresta amazônica não atendidas por transporte aéreo e sem outro meio viável de acesso ao transporte, resultou em valores que representam dependência do transporte aéreo, legitimando a continuidade da existência de subsídio para serviços como requisito fundamental para acesso da população em suas necessidades de deslocamento.