Avaliação dos níveis de concentração de metais pesados em sedimentos superficiais do Rio Capibaribe

Abstract

A bacia hidrográfica do rio Capibaribe é um recurso hídrico essencial para o estado de Pernambuco. Entretanto, como outras bacias hidrográficas urbanas, o rio Capibaribe é impactado pelas mais diversas atividades antrópicas ao longo do seu percurso. Deste modo, o presente estudo possui como objetivo realizar um diagnóstico geoquímico das concentrações dos metais pesados Cr, Cu, Ni, Pb e Zn em amostras de sedimentos superficiais ao longo do rio Capibaribe, além de aplicar os principais índices geoquímicos e comparar as concentrações dos metais pesados com os padrões internacionais para a determinação da qualidade ambiental deste ecossistema. Os sedimentos foram coletados em treze pontos de monitoramento, durante o período chuvoso e seco, totalizando 26 amostras. Desta maneira, foram realizadas análises granulométricas, de matéria orgânica, carbonato de cálcio, caracterização mineralógica por espectroscopia de reflectância e químicas (na fração granulométrica menor que 63 μm por fluorescência de Raios-X). A caracterização sedimentar pela espectroscopia de reflectância apresenta feições espectrais resultantes das absorções dos íons ferro férrico, água e das ligações Al- OH (caulinita e possível esmectita). Os sedimentos apresentam elevadas concentrações dos metais pesados, encontrando-se na maioria dos locais monitorados, valores acima dos limites propostos pela USEPA. O fator de enriquecimento e o índice de geoacumulação possuem elevados valores e sugerem que os sedimentos estão extremamente poluídos. A correlação de Pearson e análise de componentes principais indicam que fatores naturais (altitude e pluviometria) contribuem na dinâmica e qualidade sedimentar ao longo do rio Capibaribe. Os processos de adsorção dos metais pesados são influenciados pela composição granulométrica, particularmente pelos óxidos-hidróxidos (Fe, Al, Mn), argilominerais, matéria orgânica e carbonato de cálcio. Assim, foi possível a caracterização geoquímica e a identificação dos locais com níveis de impactos ambientais distintos. Nesse contexto, ao longo da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, a região estuarina apresenta a maior vulnerabilidade ambiental e sugere que os centros urbanos e industriais contribuem ativamente no processo de degradação deste ecossistema.