Análise da influência da deposição seca e dispositivo de desvio sobre a qualidade da água e da chuva.

Abstract

A água de chuva será, em breve, valorizada como a água mais segura que se obterá para consumo humano e com boa qualidade para diversos fins, necessitando, em muitos casos, apenas de tratamento simplificado para purificação. No Brasil, em especial no Nordeste, a disponibilidade de água representa um grande entrave para o desenvolvimento. Para atender as necessidades hídricas, a população é induzida a buscar meios alternativos de abastecimento de água como tecnologias para a captação da água de chuva e o uso de cisternas para armazenamento. Diante da problemática, o governo federal brasileiro disseminou, no semiárido brasileiro, por meio da ONG articulação no semiárido brasileiro (ASA Brasil), a instalação de cisternas rurais para aproveitamento de água de chuva, entretanto, o programa possui maior prioridade em aumentar a quantidade de água ofertada. Posto em questionamento a qualidade da água de chuva, o presente trabalho avaliou a interferência da deposição seca sobre a qualidade de águas de chuva armazenada em cisternas, bem como a influência da modificação do dispositivo de desvio dos primeiros milímetros precipitados sobre a capacidade de retenção de sólidos flotantes. O presente estudo foi dividido em duas etapas. A primeira foi realizada na zona rural de Caruaru com a instalação de dois desvios automáticos que avaliaram a capacidade de retenção de sólidos, em duas configurações distintas do DesviUFPE, sendo um o dispositivo convencional e o outro o modificado. Nesta etapa, percebeu-se que ambos os dispositivos de desvios resultaram em melhoria na qualidade de água de chuva armazenada, tendo o DesviUFPE modificado produzido resultados melhores, com eficiência de 81,8% e 64,6% para remoção de turbidez e de cor verdadeira, respectivamente, valores que são cerca de 11% superiores aos obtidos com o dispositivo convencional. A segunda etapa visou determinar quantos dias sem precipitação seriam suficientes para contaminar uma superfície de captação ao ponto de demandar novo desvio das primeiras águas de chuva, no evento chuvoso seguinte. Para tal determinação, utilizou-se da instalação do dispositivo automático, DesviUFPE, para simulação do veranico realizada na Instalação Experimental de Cisternas na UFPE/CAA. Através dos resultados observou-se que cinco dias sem precipitação é suficiente para a ocorrência de deposição seca, que justifique o desvio das primeiras águas da próxima precipitação, especialmente ao se avaliar o comportamento da turbidez.