Ação dos probióticos no microbioma pulmão-intestino e seu uso terapêutico nas doenças respiratórias: uma revisão integrativa

Abstract

As doenças respiratórias estão entre as maiores causas de mortes no mundo e são responsáveis por um grande volume de despesas referentes ao tratamento pelos sistemas de saúde. Estudos emergentes sugerem que as doenças respiratórias podem estar relacionadas com alterações prejudiciais da microbiota intestinal, denominadas disbiose, através do eixo intestino-pulmão. Tal eixo mostra-se capaz de interferir imunologicamente promovendo a passagem de endotoxinas, citocinas e hormônios pela corrente sanguínea, caracterizando a comunicação entre os dois sistemas. O uso de probióticos vem se mostrando uma eficiente ferramenta nessa comunicação, agindo como coadjuvante no combate distal a processos infecciosos das vias respiratórias. O estudo tem como objetivo construir uma revisão da literatura acerca da participação dos probióticos no microbioma pulmão-intestino e o seu uso terapêutico nas doenças respiratórias, avaliando a relação da disbiose com estas doenças. A fim de relacionar pesquisas relevantes, este trabalho consistiu em uma revisão bibliográfica nas bases de dados Periódicos Capes, Pubmed e Science Direct, foram usados os descritores: “disbiose”, “eixo intestino-pulmão” e “probióticos”, e suas combinações. Foram adotados os critérios de inclusão: 1) artigos nos idiomas inglês e português, 2) publicados entre 2011 e 2021, 3) que atendam o objetivo do estudo, 4) que estejam disponíveis eletronicamente, na íntegra, e fornecidos pela fonte original. Como critérios de exclusão foram utilizados: 1) artigos cujos títulos e objetivos não atenderam ao objetivo do estudo, 2) artigos de revisão e duplicados, 3) artigos não disponíveis gratuitamente, na íntegra, 4) periódicos relacionados a doenças metabólicas crônicas e que não usem probióticos como base do tratamento. Os resultados evidenciam que os efeitos deletérios causados pela disbiose podem ser minimizados pela ingestão de probióticos, graças ao seu incentivo na produção de fatores anti-inflamatórios, trazendo benefícios como a alteração da permeabilidade celular, redução da mortalidade em camundongos e atenuação de sintomas nasais em humanos, e, de forma geral, a melhora do quadro infeccioso comum às doenças respiratórias. Contudo, é necessário que haja mais estudos específicos sobre o mecanismo exercido pelos probióticos nas infecções das vias aéreas, a fim de comprovar a modulação intestinal como meio de tratamento adicional destas doenças.