Lesbianidades em pauta: uma análise discursiva da coluna “Grrrls” da Revista Sui generis (1995 - 2000).

Abstract

A invisibilidade da mulher lésbica tem sido tema de estudos recentes sobre gênero e sexualidade. A representatividade e presença desse grupo na mídia, porém, ainda é uma temática pouco pesquisada. Ao longo da história, as vivências lesbianas têm sido apagadas, algo que se reflete ainda nos meios de comunicação contemporâneos. As mulheres que se relacionam afetivamente com outras mulheres, por sua vez, lutam por espaços públicos que possam reivindicar suas pautas, atuando desde o movimento feminista ao movimento homossexual e LGBT+. Para ampliar suas vozes, grupos de mulheres elaboram, desde a década de 1980, no Brasil, publicações especificamente feitas por e para lésbicas, utilizando-se destas para falar das suas demandas e debater suas pautas políticas. Na década seguinte, registra-se um aumento do mercado segmentado gay e do fortalecimento do ativismo do, até então, Movimento de Gays e Lésbicas. É nesse contexto que nasce a Revista Sui Generis (1995-2000), periódico endereçado ao público gay, às lésbicas e aos “simpatizantes”, mas que tinha como conteúdo majoritário produções para os leitores masculinos. Havia, contudo, um único espaço fixo e permanente para as mulheres leitoras, uma coluna de uma página com artigos opinativos escritos pela escritora, artista e ativista Vange Leonel, a Grrrls. O presente trabalho propõe analisar esta coluna, buscando compreender como Grrrls constrói uma relação discursiva entre temáticas acerca das lesbianidades e as pautas sociais de mulheres lésbicas no período em que esteve em circulação. Para isso, foram selecionadas 12 edições, analisadas seguindo o método de análise de discurso francesa, na perspectiva de Charaudeau e Maingueneau (2014) e Brandão (2009). Investiga-se, assim, a partir do entendimento do contexto histórico e das dinâmicas presentes na produção dos textos, a construção desse espaço discursivo e editorial direcionado primordialmente a mulheres lésbicas, em correlação às questões das lesbianidades e das pautas desse grupo social ao longo dos anos de publicação da coluna (1997 - 2000).