Avaliação da comunidade epibentônica de substratos artificiais em estruturas de proteção costeira e recifes de mediolitoral

Abstract

As pressões antrópicas exercidas nas zonas costeiras, somadas às alterações climáticas e ao aumento acelerado do nível do mar, resultam em perda de habitats naturais. Simultaneamente, o número de estruturas de proteção e defesa costeira vem aumentando consideravelmente, podendo se tornar o habitat dominante das regiões de mediolitoral. Assim, os objetivos deste trabalho foram: 1) identificar através de uma revisão bibliométrica, padrões de colonização de substratos artificiais e eventuais lacunas a serem preenchidas; e 2) caracterizar a comunidade epibentônica de substratos artificiais (blocos de rocha) de obras de engenharia de contenção dos efeitos da elevação do nível do mar e destes mesmos substratos artificiais encontrados sobre os recifes costeiros da praia de Serrambi, litoral sul de Pernambuco. A partir do levantamento bibliográfico nos bancos de dados científicos Web of Science e Scopus, aspectos qualitativos e quantitativos de 147 publicações foram analisadas. Os fatores tipos de substrato, tempo de colonização e profundidade repercutiram positiva ou negativamente na determinação de padrões de dominância dos grupos analisados, embora muitos dados e informações disponibilizados nas publicações não apresentarem formatos ou definições consistentes, não sendo facilmente comparáveis. Os padrões aqui apresentados, podem contribuir para definir direcionamentos quanto à implantação de futuros experimentos de colonização de substratos artificiais em habitats marinhos. Em campo, 45 substratos artificiais (granito também usado nas obras de engenharia) foram mapeados, medidos, fotografados (substrato e seu respectivo entorno) e alguns táxons epibentônicos coletados e identificados. No geral, os substratos apresentaram alta cobertura por macroalgas e áreas extensas não colonizadas, porém, quanto mais próximos do recife natural maior riqueza taxonômica foi observada. Nossos resultados também apontam que o fator que melhor explica a colonização dos substratos é a cobertura do seu entorno, desta forma, poucos organismos foram encontrados nos substratos que tiveram uma área sedimentar circundante muito extensa.