Ensino e aprendizagem de tabelas nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Abstract

A tese contou com o objetivo de analisar o ensino e a aprendizagem de representação em tabelas nos anos iniciais do Ensino Fundamental, na perspectiva do Letramento Estatístico. Para isso, realizamos três estudos. O primeiro analisou as propostas para o ensino de tabelas encontradas em livros didáticos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental; o segundo analisou quais conhecimentos alunos da mesma escolaridade possuem sobre tabelas; no terceiro, analisou as aprendizagens de alunos do 2º e 5º ano, a partir de uma sequência de atividades sobre tabelas. O Estudo 1 evidencia a identificação de atividades que exploram os três diferentes tipos de representações tabulares: quadro, banco de dados e tabela. Salientamos que quadros e bancos de dados vêm sendo nomeados de tabelas, levando a uma indiferenciação entre eles. As tabelas aparecem com maior ênfase desde o 1º ano, porém há um desequilíbrio entre as habilidades exploradas, apontando uma tendência em preencher e interpretar tabelas simples, em detrimento de construir tabelas. No Estudo 2 foi realizado um teste diagnóstico, contendo questões de interpretação e construção de tabela, envolvendo variáveis diversas. Observou-se uma gradação em relação ao desempenho dos alunos, considerando a escolaridade. Eles conseguem localizar dados específicos nas tabelas, de tal modo que a maioria dos alunos localizam valores de células mínimas. Mas, poucas crianças demonstraram saber realizar tomadas de decisão. Já na construção, a partir do 2º ano, a maioria delas elabora critérios de classificação e quase todos os alunos do 5º ano construíram uma tabela simples incompleta. No Estudo 3 realizamos uma intervenção de ensino sobre tabelas, envolvendo interpretação e construição de tabelas simples e de dupla entrada. Durante os encontros, foram trabalhadas interpretações para tomada de decisão, e atividades de construção de tabelas a partir de dados brutos/bancos de dados. Os grupos que participaram da intervenção apresentaram desempenho significativamente superior aos grupos controle, evidenciando a possibilidade de aprendizagem. Eles deixaram de interpretar com base em vantagens pessoais e passaram a analisar as relações existentes entre os dados da tabela para questionar conclusões e tomar decisões. Ao construírem as tabelas, após a vivência da intervenção, os alunos registraram todos os elementos constituintes delas. As crianças do 2º ano aprenderam a construir tabelas simples. Já as do 5º ano construíram tabelas de dupla entrada. Concluímos que as propostas de atividades encontradas nos livros didáticos são limitadas e prestigiam mais um tipo de habilidade do que outro. Isso reflete, provavelmente, no trabalho do professor e, consequentemente, na aprendizagem de alunos, pois não compreendem a tabela como forma de entender e inferir sobre os dados. Entretanto, quando o ensino de tabelas é realizado de forma intencional e sistemática, podem ser verificadas evoluções significativas na aprendizagem de alunos, de maneira rápida e com reduções consistentes das dificuldades apresentadas. Assim, enfatiza-se que o ensino de tabelas precisa prestigiar propostas de atividades que levam os alunos a refletir sobre contextos reais/significativos, explorando diferentes tipos de habilidades, analisando informações como forma de tomar decisão e confrontar conclusões, além de serem capazes de construir tabelas completas.