O periférico é um centro : a contribuição da poesia negra para a perspectiva decolonial

Abstract

Este trabalho consiste no estudo da produção poética de Jamu Minka, Éle Semog, Conceição Evaristo, Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa e Cuti publicados nas edições dos Cadernos Negros (Vol. 1, 15, 19 e 31), entre 1978 e 2008. A investigação busca analisar a contribuição desses poemas para a perspectiva decolonial. Para tanto, recorremos à abordagem da literatura afro-brasileira como espaço de enunciação de resistência, proposta por Eduardo de Assis Duarte (2011), e luta pelo direito à vida. Também adotamos uma perspectiva crítica, onde situamos as contradições do Giro Decolonial, enquanto conceito proposto pelo grupo Modernidade/Colonialidade (M/C) no que tange a pormenorização do Brasil e suas particularidades históricas, como território fundamental de enunciação nesta discussão, apoiando-nos no pensamento de Joaze Bernardino-Costa (2019), entre outros pensadores. A poesia afro-brasileira nos inspira a pensar como a transcendência do eurocentrismo e etnocentrismo e revisão das demais práticas de dominação sustentadas pela colonialidade, através da reconfiguração de identidades e imaginários pode ser interpretada como resposta epistêmica ao sugerir interferências nos modos de organização social. Assim, a produção poética nos oferece a possibilidade de observar o pensamento decolonial enquanto luta, evocando mudança política e social e evidenciando a necessidade da coexistência entre formas de vida e outras configurações de mundo.