O espaço público urbano da Praça da Independência : uma caracterização a partir do contexto urbanístico e das dinâmicas cotidianas de interação social

Abstract

Este trabalho parte do pressuposto de que existe um distanciamento entre o conceito de espaço público urbano e sua realidade cotidiana, nas cidades contemporâneas brasileiras, cuja manutenção contribui para uma visão distorcida desses espaços. O conceito de espaço público urbano é, muitas vezes, associado à experiência da metrópole moderna ocidental dos séculos XIX e XX, modelo de cidade eminentemente europeu, com expoente na reforma Haussmaniana de Paris. O modelo referencial de cidade moderna ocidental, atrelado ao distanciamento das classes média e alta do espaço público urbano, enfatizam a visão de esvaziamento e culminam na “invisibilização” das pessoas que usam esses espaços. A fim de refutar esta visão distanciada do espaço público urbano, pretende-se abordá-lo através de uma visão antropológica da cidade, ao deslocar, tomando emprestada a ideia de Agier (2011), o ponto de vista do objeto para os sujeitos e descentrar a problemática da questão “o que é a cidade?” para a questão “o que faz a cidade?”. Desta forma, a interação social foi escolhida como categoria para abordar as pessoas que fazem o espaço público urbano. Assim, pretende-se uma aproximação do fazer cotidiano da Praça da Independência, localizada no bairro de Santo Antônio, Recife-PE, com o objetivo de caracterizar o espaço público urbano contemporâneo da praça a partir do seu contexto urbanístico e das suas dinâmicas cotidianas de interação social. Através das análises feitas, buscou-se contribuir com a discussão teórica e empírica sobre a realidade cotidiana do espaço público urbano brasileiro.