As novas configurações da diplomacia do petróleo sino-africana: os casos de Angola e Nigéria

Abstract

Muito já foi escrito sobre o engajamento chinês no continente africano na tentativa de aprofundar o conhecimento acerca de questões relacionadas à comércio, investimentos, segurança, cooperação, entre outros. Esta pesquisa procurou compreender como a diplomacia do petróleo influencia as estratégias de ação nas relações sino-africanas e qual relação desta no Investimento Externo e na Ajuda Externa da China nos países do continente africano. Parte da literatura e das pesquisas empíricas concentra-se nos determinantes do investimento chinês na África sem grandes aprofundamentos ou foca-se mais detidamente no comércio chinês com a África do que de fato nos mecanismos de investimento e financiamento. Inicialmente foram apontados os aspectos gerais da relação sino-africana e o seu desenvolvimento histórico até a criação do Fórum de Cooperação China-África. O arcabouço teórico baseou-se nos modelos analíticos de Graham Allison acerca dos processos decisórios em política externa e a perspectiva de Susan Strange sobre o poder estrutural e seus subsistemas. Tomando por base dois casos bastante característicos dessas relações, Angola e Nigéria, o foco desta pesquisa foi compreender de que maneira as estruturas das diferentes causas que explicam os interesses por recursos energéticos estão relacionadas, além de adentrar nos mecanismos de funcionamento da diplomacia do petróleo. Apesar de apresentarem um comportamento diferente das principais variáveis determinantes dos interesses chineses (balança comercial favorável para Angola e negativa para a Nigéria, por exemplo), ambos países recebem do governo chinês o apoio e atuação de todos os atores envolvidos na diplomacia do petróleo e que foram identificados no trabalho (MOFCOM, China ExIm Bank, China Development Bank e empresas do setor energético e de infraestrutura). Os resultados indicam que há uma interação de benefícios e desafios dessa relação que vão desde os impactos sobre a economia desses países, a necessidade de diversificação da pauta de exportação e importação, desenvolvimento de infraestruturas, impactos ambientais, os efeitos sobre a economia local e as comunidades locais, em termos de ligações domésticas, transferência de tecnologia, criação de empregos e preocupações ambientais. Todos essas são questões fundamentais para entender os ganhos do engajamento da China na diplomacia do petróleo.