Estágio supervisionado e resiliência: a importância do enfrentamento diante dos primeiros desafios práticos da formação docente.

Abstract

No presente trabalho realizamos um levantamento bibliográfico sobre a resiliência no âmbito educacional, objetivando discutir acerca dessas características em discentes do Curso de Química/Licenciatura, matriculados na disciplina de Estágio Supervisionado II, de um município do Agreste Pernambucano. Os nossos objetivos foram observar de que forma as características resilientes dos licenciandos pesquisados se materializaram em suas práticas de regência propostas na disciplina; observar de que modo a sua história de vida poderia ou não ter contribuído para a formação de suas posturas resilientes e; realizar uma pesquisa teórica sobre a resiliência no contexto educativo. A escolha do tema se deu por constatarmos uma carência com relação à existência de trabalhos relacionados à resiliência e o estágio supervisionado. Em nossas investigações teóricas pesquisamos, inicialmente, sobre o estágio supervisionado e a sua importância para a formação do futuro docente e sobre a resiliência (origem do seu conceito, Teoria de Traço e de Processo, fatores de risco e proteção e sua relação com a educação). Para a realização desta pesquisa aplicamos um questionário, observamos as regências dadas pelos alunos-estagiários, aplicamos uma entrevista autobiográfica e, por fim, de autoconfrontação. Dentre um universo de 15 alunos-estagiários, aprofundamos a nossa pesquisa com dois deles. Utilizamos o questionário de Leal (2011) que continha 28 questões, e que foi baseado em vários estudos (POLK, 1997; JOB, 2003; BARBOSA, 2006; ASSIS; PESCE; AVANCI, 2006). Como resultados, podemos mencionar o seguinte: o nível de resiliência mais apresentado pelos estagiários foi entre 43 e 63 pontos (médio-alto). Percebemos, nas entrevistas realizadas com as duas alunasestagiárias que permaneceram conosco ao longo da pesquisa, que as histórias de vida pareceram, de algum modo, influenciar em suas práticas de regência, porém devemos ressaltar que, lamentavelmente, em virtude de vários contratempos que escaparam de nosso controle, apenas observamos duas aulas de cada uma, o que se mostra insuficiente para chegarmos a uma análise mais aprofundada e conclusiva. Em relação a como as características resilientes se manifestaram na prática da regência podemos considerar que uma das alunas-estagiarias mostrou capacidade para aprender com o novo, expressar o que sentia e de estabelecer vínculos emocionais. Já a outra demonstrou ter bom senso e criatividade. Por fim, sobre a análise teórica feita sobre a resiliência no contexto educativo, podemos perceber o quão importante é a escola para a potencialização da resiliência de um sujeito. Destacamos a importância do professor como tutor de resiliência dos alunos e percebemos que ele deveria ser movido pelos sentimentos e torna-se capaz de estabelecer vínculos. Acreditamos que a desvalorização do profissional da educação pode prejudicar a relação educador/criança.