Degradação anaeróbia de anilina utilizando diferentes culturas microbianas

Abstract

A contenção e o tratamento da poluição causada pela introdução de compostos aromáticos na natureza, provenientes de fármacos, pesticidas, insumos para fabricação de borrachas e corantes, tem sido um dos grandes desafios do saneamento ambiental neste século. A maioria dos produtos citados apresentam anilina em sua composição, e que se apresenta como subproduto no processo de degradação desses produtos, acarretando danos quando atinge ambientes anaeróbios. Para contribuir com o esclarecimento desse tema, foi avaliado nesta tese o desempenho de três culturas microbianas com diferentes origens (CET – reator com efluente têxtil sintético; CSR – sedimentos de rio contaminado por efluente têxtil; CEP reator com efluente petroquímico real) na degradação anaeróbia de anilina. Os testes de biodegradação foram montados em uma câmara anaeróbia, onde microcosmos continham anilina como única fonte de carbono. Quatro testes de biodegradação de anilina foram realizados, onde foi possível verificar a influência dos íons nitrato e sulfato atuando como aceptor de elétrons (Experimento 1), a influência da glicose como co-substrato (Experimento 2), o papel da metanogênese na rota de degradação (Experimento 3) e, por fim, um teste de biodegradação comparando as diferenças taxonômicas apresentadas pelas três culturas (Experimento 4). Os resultados indicaram que os compostos de enxofre, como o sulfato e sulfeto, foram de fundamental importância no processo de degradação da anilina pelas culturas CET e CSR que conseguiram degradar sucessivas alimentações de 3 mg/L de anilina em condição anaeróbia. A aplicação da técnica de diluição a extinção nos microcosmos contendo a CET fez com que após a segunda transferência o intervaldo de tempo necessário para degradar uma injeção de anilina fosse reduzido de 88±11 dias, para 37±4 dias, destacando os gêneros Sulfuricurvum, Mesotoga, Desulfococcus e Thauera como núcleo microbiano que prevaleceu após as diluições. A cultura CEP apresentou composição taxonômica com características sintróficas associadas a gêneros fermentativos e metanogênicos, que também apresentaram habilidade em degradar anilina, entretanto, utilizando metabolismo não relacionado ao sulfato, diferentemente de CET e CSR.