Iniciação sexual de adolescentes masculinos em contexto de diversidade de gênero à luz da teoria de Leininger

Abstract

A construção da identidade do adolescente é permeada por descobertas, com a eclosão da sexualidade e a possibilidade de vivenciá-la através de normas socioculturais. O início da prática sexual precoce, na adolescência, requer considerar questões que envolvem a diversidade de gênero capaz de gerar opressões aos adolescentes masculinos, suscitando em comprometimento à saúde deste público etário. Desse modo, a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural é sustentada por uma perspectiva reflexiva que propõe uma conexão entre a enfermagem e as necessidades de saúde do público adolescente. O estudo tem como objetivo compreender o processo de iniciação sexual de adolescentes escolares masculinos, em contexto de diversidade de gênero, à luz da Teoria de Leininger. Trata-se de um estudo descritivo interpretativo e qualitativo realizado em escola pública, com recrutamento dos participantes pela técnica snowball. A delimitação da amostra, por 18 adolescentes, foi consolidada pelo critério de saturação das respostas. A coleta de dados utilizou a técnica de entrevista individual com roteiro aprofundado. A análise de conteúdo de Bardin fundamentou a categorização dos dados, com auxílio do software Iramuteq. Emergiram-se seis classes, que foram categorizadas: fatores influenciadores na iniciação sexual precoce; vivência na iniciação sexual precoce; identidade de gênero em contexto de múltiplas masculinidades; conhecimento sobre sexo seguro; dimensões biopsicossocioculturais e espirituais relacionadas à iniciação sexual; estratégias educacionais para saúde sexual do adolescente. A teoria de Leininger destaca que as dimensões que compreendem a visão de mundo, saberes e experimentações de cada jovem masculino, individualmente ou coletivamente, construídas na adolescência, designam suas escolhas e significados durante sua existência. Foi verificada uma influência cultural, em relação ao gênero masculino, para assumir um modelo heteronormativo, instigando um pensar preconceituoso e êmulo para a concepção de distintas masculinidades, constituindo, assim, uma maior vulnerabilidade para iniciação sexual precoce masculina. Conclui-se a importância de estratégias de promoção da saúde sexual, que considerem a escuta aos adolescentes masculinos e a construção de arenas dialógicas promotoras do seu desenvolvimento integral, para oportunizar ao mesmo modos de falar, de pensar e de assumir o autocuidado na vivência de sua sexualidade, com potencialidade de uma iniciação sexual embasada em uma autopercepção segura e uma atitude responsável, livre de tabus, preconceitos e relações de poder, com a conquista de relações igualitárias no respeito a si e ao outro.