Serviços de proteção anti-herbivoria prestados por formigas em um gradiente de sucessão secundária em áreas de Caatinga

Abstract

Assim como acontece em diversos ecossistemas tropicais, em decorrência de perturbações antrópicas, áreas de Caatinga foram substituídas por outro tipo de uso do solo e depois foram abandonadas, estando atualmente em processos de sucessão secundária. Contudo, pouco se sabe como se dá a sucessão em vegetação de Caatinga. Além disso, também não se sabe se serviços ecossistêmicos perdidos devido a perturbações antrópicas são recuperados durante a sucessão, nem mesmo em florestas úmidas onde os estudos de sucessão são comuns. Deste modo, este trabalho se propôs a verificar como se dão as interações plantas-formigas e se os serviços antiherbivoria prestados por formigas a plantas com nectários extraflorais (NEFs) são restabelecidos ao longo de um gradiente sucessional na Caatinga. Para isso, foram marcadas 10 parcelas de 0,1 ha, as quais foram previamente utilizadas para agricultura de corte-e-queima e em seguida foram abandonadas e estão regenerando de 9 a 55 anos (i.e. cronosequência) e quatro parcelas de 0,1 ha onde não há registro de corte raso da vegetação nos últimos 150 anos. Em cada parcela foram estimadas a riqueza de espécies de formigas, o número de interações entre espécies de plantas portadoras de nectários extraflorais e espécies de formigas e a qualidade do serviço de proteção anti-herbivoria prestados pelas espécies de formigas medido através do ataque a herbívoros simulados. Foi observado um total de 533 interações entre plantas com NEF e formigas, envolvendo 463 plantas de 17 espécies e 19 espécies de formigas. A família de plantas com NEF dominante foi Fabaceae (12 espécies), seguida de Euphorbiaceae (4 espécies) e Cactaceae (1 espécie). Camponotus crassus, Dorymyrmex thoracicus e Cephalotes pusillus foram as espécies mais abundantes. Com relação ao serviço de proteção anti-herbivoria, oferecemos 5400 cupins sobre 360 plantas com NEFs, desse total, foram registrados 69 ataques (1,27%), os quais foram desferidos por indivíduos de 10 espécies de formigas, sendo as espécies com maior número de ataques Camponotus crassus (29) seguida de Dorymyrmex thoracicus (18). Não observamos diferença significativa no número de interações entre plantas portadoras de NEFs e formigas, riqueza e composição de espécies formigas ao longo do gradiente de sucessão, assim como no tempo de ataque das espécies de formigas. Entretanto, a taxa de ataque aumentou ao longo do gradiente sucessional. Nossos resultados corroboraram nossa hipótese parcialmente, evidenciando que a medida que as áreas são regeneradas, os serviços prestados por formigas são recuperados.