Avaliação do broncoespasmo induzido por exercício em esteira através do sistema de oscilometria de impulsos em crianças e adolescentes asmáticos

Abstract

Vários estímulos são capazes de desencadear obstrução brônquica ao fluxo aéreo nos asmáticos, dentre eles encontra-se o exercício físico. Esta obstrução ocorre em cerca de 50% dos pacientes. Para seu diagnóstico, as técnicas de broncoprovocação que empregam o exercício como agente desencadeador são as mais recomendadas devido à sua maior especificidade. A obstrução ao fluxo aéreo pode ser documentada de várias maneiras, o índice comumente empregado para determinar o broncoespasmo induzido por exercício é o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) avaliado através da espirometria, porém este é um exame esforço-dependente. A disponibilidade de métodos de avaliação capazes de medir os parâmetros da função pulmonar de forma não invasiva e com a mínima colaboração do paciente é fundamental, sendo o sistema de oscilometria de impulsos (IOS) uma importante alternativa. Esta dissertação é composta por uma revisão narrativa e um artigo original. Na primeira, abordamos alguns aspectos do broncoespasmo induzido por exercício, testes diagnósticos e os parâmetros para avaliação da resposta, destacando a resistência das vias aéreas avaliada através do sistema de oscilometria de impulsos. Foram selecionados os trabalhos mais relevantes, a partir de pesquisa utilizando os seguintes unitermos isolados ou em combinação: asma (asthma), crianças (children), broncoconstrição induzida pelo exercício (exercise-induced bronchoconstriction), oscilometria de impulso (impulse oscillometry), função pulmonar (lung function). Os bancos de dados pesquisados foram MEDLINE/Pubmed, Scielo, LILACS. No artigo original sessenta e nove crianças asmáticas com idade entre 7 e 18 anos foram avaliadas de forma sequencial através da medida da resistência central das vias aéreas (R5Hz), diferença entre resistência central e periférica (R5-R20Hz), frequência de ressonância (Fres) e área de reatância (AX) pelo IOS e da medida do VEF1 na espirometria antes e nos momentos 5, 15 e 30 minutos após corrida padronizada em esteira. Moderada correlação inversa foi encontrada entre as variáveis IOS e VEF1 imediatamente após o teste de broncoprovocação com exercício (TBPE) para R5Hz, Fres e AX (r = -0,64; r = -0,53; r = -0,69 respectivamente e p < 0,001 para todos) sendo mantidas até 15minutos para R5Hz e AX (r = -0,51; r = -0,62). Concluímos que os parâmetros do IOS podem ser facilmente obtidos, revelam características das vias aéreas em indivíduos que realizaram um TBPE e têm uma correlação inversa significativa com o VEF1.