A relação entre o processamento auditivo temporal e a voz no envelhecimento

Abstract

Com o envelhecimento, a voz e audição podem ser afetadas em diferentes graus, sendo algumas das principais responsáveis pelas dificuldades comunicativas do idoso. A produção vocal adequada necessita de integridade auditiva e processamento sensorial eficiente ao nível central, especialmente quanto aos aspectos temporais da informação auditiva. Estes são fundamentais por se relacionarem à discriminação dos traços de sonoridade e percepção de frequência e intensidade. Este estudo transversal, analítico e correlacional objetivou analisar a relação entre processamento auditivo temporal e a voz de idosos. Para isso, 40 idosos, subdivididos em dois grupos, com e sem sintomas de alteração vocal, segundo a Escala de Sintomas Vocais (ESV), e foram submetidos à avaliação das habilidades auditivas de ordenação, resolução e mascaramento temporal. Foram também avaliadas a ocorrência de queixas de voz, autopercepção vocal e autoavaliação da qualidade vocal; análise acústica e perceptivo-auditiva da voz. As queixas de voz mais frequentes foram: pigarro, cansaço vocal e voz fraca. A maioria dos idosos avaliados apresentou intensidade da voz diminuída, ordenação temporal normal, resolução temporal alterada e limiares de detecção do sinal alvo aumentados na presença do mascaramento no domínio do tempo. Os idosos apresentaram variabilidade normal da qualidade vocal. Quanto aos parâmetros vocais avaliados, apenas o pitch diferiu entre os grupos. Houve diferença entres os sexos quanto aos parâmetros de frequência, shimmer, severidade global da alteração e rugosidade. Houve correlação positiva entre a alteração na habilidade de resolução temporal com severidade global da alteração e rugosidade. Concluiu-se que há prejuízo na audição central decorrentes do envelhecimento e estes correlacionam-se a dificuldades vocais em idosos.