Aspectos químicos e genéticos do Biomphalaria glabrata como bioindicador/biomonitor de qualidade ambiental

Abstract

Em várias regiões do mundo, os rejeitos produzidos nas residências e indústrias são as principais fontes de poluentes do ecossistema aquático de água doce. Deste modo, torna-se imperativo o emprego de metodologias que auxiliem nos procedimentos de monitoração ambiental. Assim, o uso de organismos como biomonitores vêm crescendo cada vez mais na atualidade, sendo utilizado modelos que apresentem respostas que possam ser adequadamente avaliadas. Neste trabalho, foi investigado os efeitos genotóxicos e citotóxicos ocasionados por elementos químicos presentes no lodo de esgoto doméstico e industrial por meio da análise de alterações em biomarcadores e da bioacumulação de elementos químicos presentes no molusco Biomphalaria glabrata. Para a realização dos testes, foram utilizadas as concentrações de 50, 100, 150 e 500 mg/L dos materiais de referência SRM 2781 Domestic Sludge and SRM 2782 Industrial Sludge. Todos os ensaios foram executados após os animais serem submetidos aos lodos de forma aguda (horas) e crônica (15 dias). Foram realizados ensaios de toxicidade com caramujos adultos e embriões. Em seguida, foi procedida a contagem de hemócitos por meio da quantificação de células viáveis com auxílio da câmara de Neubauer. Posteriormente, os hemócitos foram analisados quanto a presença de alterações citoplasmáticas e nucleares. Subsequentemente, o teste do cometa foi realizado para quantificar os danos genotóxicos originados pela exposição aos lodos. Além dos biomarcadores, foram realizadas quantificações dos elementos químicos acumulados nos tecidos moles do molusco com a utilização de técnicas espectrométricas GFAAS e ICP-MS. Os caramujos adultos e embriões de B. glabrata expostos aos lodos não apresentaram alterações morfológicas significativas, nem alterações na viabilidade celular dos hemócitos. No entanto, os lodos ocasionaram efeitos deletérios nos moluscos confirmados após a realização dos testes de genotoxicidade celular. As análises químicas demonstraram a presença de vários elementos químicos no corpo dos caramujos expostos aos lodos, sendo alguns considerados tóxicos em elevadas concentrações. Portanto, os lodos de esgoto doméstico e industrial provavelmente provocaram danos genotóxicos e citotóxicos nas células dos moluscos em decorrência da presença de altas concentrações de elementos químicos bioacumulados em seus tecidos.