Consumo alimentar, perfil lipídico e estado nutricional de escolares da cidade do Recife/PE: um estudo de coorte aninhado a uma intervenção nutricional

Abstract

Avaliar a relação entre consumo alimentar e o estado nutricional e a dislipidemia em escolares do Recife/PE. Foram realizados dois estudos: o primeiro, uma coorte com duas etapas: uma em 2007 e outra em 2013, com adolescentes da rede estadual da cidade do Recife. Foram avaliados dados demográficos, estágio de maturação sexual autorelatado, socioeconômicos, estilo de vida, antropométricos e perfil lipídico; o segundo, ensaio clínico randomizado e controlado, realizado com os 126 adolescentes dislipidêmicos, diagnosticados em 2013. Neste, os escolares foram alocados em dois grupos: aconselhamento coletivo, o qual recebeu orientação geral sobre a importância da dieta saudável e da prática da atividade física regular; e aconselhamento individual, que recebeu uma prescrição dietética individualizada e incentivo a pratica de atividade física regular. O ensaio clínico foi realizado em três meses. Após esse período, as variáveis antropométricas, bioquímicas, de consumo alimentar e de estilo de vida foram reavaliadas. A análise estatística foi realizada no programa SPSS e adotou-se o nível de significância de p<0,05. Na coorte foram avaliados 238 estudantes, sendo 60,9% meninas. A idade média foi de 11,3±1,3 anos e 15,1±1,4 anos em 2007 e 2013, respectivamente. A dislipidemia foi verificada em 69,0% e 66,9% das meninas e em 61,1% e 78,5% dos meninos em 2007 e 2013, respectivamente. O HDL-c baixo foi a alteração lipídica mais prevalente. O excesso de peso foi verificado em mais de 70% dos adolescentes em ambos os anos. Houve aumento na prevalência de obesidade abdominal e da pratica de atividade física e redução do consumo de alimentos in natura/minimamente processados. No grupo de aconselhamento coletivo houve redução do TG, da relação TG/HDL-c e da Pressão Arterial Diastólica e aumento do HDL-c. Houve redução da ingestão calórica total e aumento do potássio. Os adolescentes aconselhados individualmente, apresentaram redução do CT, LDL-c e aumento do HDL-c e da relação TG/HDL-c; e redução das horas de atividades sedentárias, da ingestão calórica total e do consumo de sódio. Estes achados sugerem que a mudança do padrão alimentar favorece a ocorrência de excesso de peso, obesidade abdominal e dislipidemia em adolescentes e que a intervenção nutricional individualizada contribui mais positivamente na saúde cardiovascular de adolescentes dislipidêmicos.