A produção de sentidos na coluna social João Alberto

Abstract

Considerando a coluna social como gênero jornalístico que representa os gostos, comportamentos e estilos de vida das elites, a pesquisa tem como objetivo analisar de que forma a coluna social produz e reproduz sentidos do mundo social para a sociedade. Os procedimentos metodológicos para alcançar esse objetivo são embasados na arqueologia foucaultiana, sendo a noção de formação discursiva o principal conceito mobilizado na análise. Assim, nas construções discursivas elaboradas em torno das notas da coluna social João Alberto, veiculada no jornal Diário de Pernambuco, foi possível verificar a existência de marcadores que distinguem o grupo retratado naquele espaço discursivo dos outros grupos sociais. A perspectiva teórica adotada para a pesquisa partiu de duas abordagens diferentes: primeiro, uma crítica mais geral ao espetáculo, como forma que as relações sociais adquirem no âmbito do capitalismo tardio, sendo a coluna social uma imagem desse espetáculo. Nesse ponto, a noção de mito barthesiana foi revisitada, na tentativa de compreender os mecanismos e operações que regem a manipulação dos signos que qualificam os “colunáveis” como distintivos; segundo, a apropriação das noções de gosto, capital, habitus e estilo de vida, de Pierre Bourdieu. Tais definições tornaram possível compreender a coluna social como mecanismo através do qual a elite encena a sua representação, reafirmando-se a partir de marcas distintivas e legitimando os seus estilos de vida, reunidos, assim, no processo social que Bourdieu denominou de distinção. As operações nas quais se fundam a representação distintiva da elite pertencem a um domínio muito mais amplo: a desigualdade social.