Refuncionalização de solo contaminado por resíduos sólidos urbanos em áreas de aterro sanitário

Abstract

A contaminação do solo tem sido motivo de bastante preocupação em diversas regiões do mundo. A geração desenfreada de resíduos sólidos e sua disposição inadequada tem agravado o risco de contaminação dos solos. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo o tratamento e a refuncionalização do solo de áreas contaminadas por resíduos sólidos urbanos em áreas de aterro sanitário. Para este estudo foi utilizado o solo do entorno do aterro sanitário de Altinho – PE, sendo avaliado a granulometria, massa específica dos grãos, limite de liquidez, limite de plastidade, teor de umidade, pH, acidez trocável, acidez potencial, matéria orgânica, condutividade, resistividade, sólidos totais dissolvidos e níveis de metais pesados. Observou-se redução da matéria orgânica, indicando a presença de um processo de degradação, bem como um acréscimo na condutividade e nos sólidos totais dissolvidos, ocorrendo o fenômeno inverso para resistividade. Foram avaliados os níveis de cobre, zinco, cádmio e chumbo e constatado que o cádmio apresentou valores acima dos valores de investigação, ou seja, 3 mg/kg, indicando uma situação de risco. A descontaminação do solo foi realizada pelos processos Fenton e foto-Fenton com luz negra e luz solar, sendo observado percentual de conversão de carbono orgânico total de 37,66%, 69,40% e 73,98% respectivamente. Observou-se que após o tratamento com o foto-Fenton solar o solo apresentou pequenas concentrações de íons inorgânicos, pH muito baixo ( pH = 3,31), elevada saturação por alumínio (m% = 41,63%) e baixo grau de saturação por bases (33,33%), revelando um solo infértil. Para refuncionalização do solo o pH foi elevado para 6,3 e utilizado lodo de esgoto nas proporções de 10%, 30% e 50% em relação à massa do solo pós-tratado. Para validar a refuncionalização foi utilizada a espécie Coriandrum Sativum L., obtendo melhores resultados para o crescimento da raiz, comprimento total da planta, quantidade de folhas e massa das plantas para o tratamento com inserção de 30% de lodo de esgoto quando comparado aos demais tratamentos. Em relação à toxicidade, o tratamento com inserção de 30% de lodo de esgoto apresentou percentual de inibição de raízes de 13,19%, não representando risco de toxicidade para a espécie Lactuca Sativa L.. Também foi observado, com a inserção do lodo de esgoto, o aumento da capacidade de troca de cátions (CTC = 25,06 c.molc/dm³), do índice de saturação por bases (95,61%), de níveis de nitrogênio (N = 0,60 c.molc/dm³) e fósforo (P = 3,00 c.molc/dm³), além da redução da saturação por alumínio (tendendo a zero), revelando melhoria nas condições agronômicas do solo para o mesmo tratamento.