Ensino de ortografia no segundo ciclo do ensino do ensino fundamental: concepção de professores e documentos curriculares

Abstract

O objetivo desta pesquisa foi analisar a concepção de ensino da ortografia de professores do segundo ciclo do ensino fundamental e, ainda, verificar se eles conhecem e o que pensam sobre as orientações curriculares de seu município para o ensino da ortografia e, a partir dessa análise, identificar se e de que forma as orientações curriculares para o ensino da ortografia são explicitadas/relatadas nas práticas dos professores do 2º ciclo do ensino fundamental. Para isso, entrevistamos 20 (vinte) docentes, os quais 10 (dez) são dos municípios de Camaragibe e 10 (dez) são do município de Olinda. Independente do ano de ensino, os 20 docentes entrevistados, responderam a questões desde a caracterização de sua formação profissional, a questões específicas que tratavam sobre objetivos de ensino, planejamento, prática docente e Proposta Curricular. Além das questões semiestruturadas, os docentes avaliaram o tratamento dado à ortografia no livro didático adotado pela Rede para o ano de ensino e mais duas propostas de atividades pré-selecionadas. Realizamos, ainda, a análise documental das Propostas Curriculares dos Municípios participantes com o objetivo de analisar o tratamento dado ao ensino da ortografia no 2º ciclo do ensino fundamental. Todos os dados foram analisados através do método de análise de conteúdo. Quanto aos Currículos, verificamos que os documentos analisados apresentam uma concepção de currículo que valoriza o docente, desde sua elaboração, através da construção coletiva do documento, a sua autonomia na prática didático-pedagógica, ao se declararem norteador da ação docente. As propostas ora analisadas assumem, ainda, uma concepção de ensino sociointeracionista, com foco no ensino dos gêneros textuais. No que se refere ao tratamento dado à ortografia, observamos que é comum as duas propostas curriculares, a ortografia ser tratada dentro do eixo de “Análise Linguística”, observamos, ainda, semelhanças entre as propostas curriculares de Camaragibe e Olinda. Porém, quanto ao espaço dado a ortografia, as duas propostas se diferenciam consideravelmente. Contudo, ambas apresentam objetivos de ensino da norma ortográfica. Os resultados das entrevistas sugerem que a maioria das docentes entrevistadas não têm objetivos de ensino da ortografia bem definidos e que, mesmo realizando um planejamento com base nas dificuldades da turma, não realizam um trabalho sistemático das especificidades ortográficas. A análise do livro didático e das propostas de atividades pré-selecionadas, confirmam os dados e revelam o despreparo de algumas docentes em avaliar o Livro didático. As docentes, ainda, consideram o livro e, consequentemente, o ensino, bom quando parte de um gênero textual e caracterizam o ensino da ortografia sem partir de um contexto, como sendo uma prática tradicional. Quanto às Propostas Curriculares, as docentes, em sua maioria, a consideram boa, de modo geral, mas no que se refere ao tratamento dado à ortografia, insuficiente, e recorrem a outras fontes/recursos para realizarem o planejamento. Contudo, o discurso de o ensino com foco no gênero textual contido na proposta, influência a concepção de ensino da ortografia das docentes. Concluímos que os dados indicam que as docentes ainda passam por um processo de acomodação das mudanças de concepções de ensino da Língua Portuguesa.