O treinamento de força e resistência como terapia complementar e não medicamentosa para o tratamento do processo inflamatório de pessoas vivendo com HIV/AIDS: ensaio clínico randomizado

Abstract

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) tornou-se uma doença com grande impacto na saúde da população mundial e nas políticas públicas, devido aos seus efeitos e agravamento nas pessoas que vivem com o Vírus Imunodeficiência Humana (HIV). Durante o principal tratamento a Terapia Antirretroviral, vários efeitos colaterais são observados, dentre eles, o acúmulo de gordura no sangue, ganho de massa gorda e perda de massa magra. O presente estudo possui como objetivo avaliar o efeito de dois tipos de treinamento, força hipertrófica e resistência muscular localizada nos níveis das citocinas IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α, Interferon-γ (IFN-γ), CD4+, relação CD4/CD8, composição corporal e qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/Aids. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado e cego. A amostra foi composta por 12 pacientes, sendo 7 no Grupo Força (GF) e 5 no Grupo Resistência Muscular Localizada (RML). Todos os pacientes fizeram 36 sessões de treinamentos, onde o GF realizou treinamento três vezes por semana durante 12 semanas, os treinos tinham intensidade 75% de 1 repetição máxima, 3 séries para cada exercício, com 8 repetições e descanso de 2 minutos entre cada série. O RML realizou o treino três vezes por semana durante 12 semanas, os treinos tinham intensidade de 60% de 1 repetição máxima, 3 séries para cada exercício, realizando 15 repetições com descanso de 30 segundos entre cada série. Após 36 sessões de treinamento de resistência houve um aumento significativo da IL-10 (p=0,002). Na comparação entre os grupos no momento pós-exercício não foi encontrado diferença significativa. Para composição corporal encontrou diferenças significativas no GF no aumento da massa magra dos braços (p=0,04), pernas (p=0,02) e corpo inteiro (p=0,01. No RML teve uma diminuição significativa no percentual de gordura dos braços (p=0,04). A CV dos pacientes manteve indetectável em todo o período da pesquisa, assim como o IFN-γ. Para a QV encontrou melhora significativa domínios físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente e auto avaliação da QV no GF, enquanto no RML encontrou diferença significativa no domínio meio ambiente. O treinamento de força se mostra efetivo no aumento da massa magra dos braços, pernas e corpo inteiro e o treino de resistência no aumento da IL-10 e diminuição do percentual de gordura dos braços. Assim como na importância da melhoria da qualidade de vida.