Ciberartigo: um modelo de produção (hiper)textual na comunicação científica online

Abstract

A utilização de ferramentas e sistemas computacionais se mostra uma prática cada vez mais integrada ao fazer científico contemporâneo, podendo auxiliar na produção e na disseminação de novos conhecimentos para diferentes audiências (especializadas ou não). Entretanto, consideramos a existência de uma aparente subutilização dos dispositivos e sistemas digitais quanto à produção textual destinada à difusão dos resultados de investigações científicas. Diante disso, nossa investigação propõe analisar como um modelo de comunicação periódica apoiado no gênero ciberartigo permite o uso de estratégias retóricas que podem favorecer uma textualização multimodal e hipermidiática de relatos de pesquisa produzidos particularmente para a área de Letras/Linguística. Fundamentamos nossa investigação nos Estudos Retóricos de Gêneros, especificamente nos trabalhos de Miller (1984, 2009), Bazerman (1988, 2005), Gross, Harmon e Reidy (2002), Owen (2005), Autry (2013), Engberg e Maier (2015). Além disso, também recorremos a estudos nacionais sobre os gêneros e os letramentos na cultura digital, como em trabalhos de Marcuschi (1999, 2010) e Xavier (2005, 2009, 2010, 2013). Nosso percurso metodológico compreende, basicamente, dois procedimentos de coleta de dados. No primeiro, identificamos plataformas e projetos digitais que estimulam a produção e a publicação de ciberartigos (ou afins). No segundo procedimento, realizamos uma pesquisa-ação em formato de oficina (workshop) com vinte (20) alunos do Mestrado em Letras da Universidade Federal de Sergipe. Em nossas análises, consideramos um mapeamento dos ecossistemas genéricos, uma avaliação das competências digitais e textuais mobilizadas pelos participantes da oficina, e um exame dos três ciberartigos mais representativos dos nossos objetivos de pesquisa e do nosso periódico, o Ciberpub. Enfim, os resultados corroboram a ideia de que as estratégias retóricas que se utilizam de diferentes modos semióticos e mídias, os quais representam dados analíticos, teóricos ou metodológicos do fazer científico contemporâneo, reforçam a clareza e a autenticidade às premissas que compõem os argumentos científicos apresentados nos textos analisados.