Craving em alcoolistas e sua relação com a escolha de alimentos

Abstract

O alcoolismo é um problema de saúde pública que acarreta em prejuízos biopsicossociais. A diminuição ou interrupção do uso do álcool pode desenvolver a síndrome de abstinência do álcool (SAA), que costuma ser superada em 7 dias, sendo nesta fase que o craving ou fissura, desejo intenso de usar a substância, está mais intenso. Alguns autores associaram o craving ao aumento do desejo de comer alimentos ricos em carboidratos simples para diminuir sintomas da SAA. Assim, o objetivo principal deste estuo foi avaliar a influência do craving na escolha de alimentos em pacientes alcoolistas internos para desintoxicação. O estudo é do tipo transversal, descritivo e quantitativo, desenvolvido com internos em um de hospital de Vitória de Santo Antão. Para avaliação dos aspectos sociodemográficos foi utilizado o sistema de classificação da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas (ABEP, 2014); a análise do estado nutricional foi realizada através de IMC, circunferências de cintura, quadril e braço, além de prega tricipital. O questionário para avaliação do craving em alcoolistas foi desenvolvido por Araújo (2004). Para a avaliação dos hábitos alimentares, foi aplicado o teste “Como está a sua alimentação?” do Ministério da Saúde (2014). Os achados desse estudo permitiram identificar hábitos alimentares inadequados, como alto consumo de embutidos (77,5%) e baixo consumo de frutas e hortaliças (52,5%), além de um percentual elevado de desnutrição proteica nos avaliados (55- 75%). Verificou-se que 25% (n= 1 0) dos pacientes estudados apresentaram craving moderado a forte. Foi possível observar que 27,5% dos indivíduos relataram sentir vontade de consumir alimentos fontes de carboidratos simples para desviar o pensamento na bebida alcoólica. É conhecido que o uso abusivo de bebidas alcoólicas tem influência direta e indireta na alimentação e nutrição dos seus dependentes, contudo não foi estabelecido estatisticamente uma associação entre o craving e o consumo de alimentos ricos em carboidratos, devendo-se realizar mais estudos para conhecimento desta relação, no entanto quanto ao consumo alimentar, foi demonstrado a necessidade do profissional de nutrição como parte da equipe multiprofissional responsável pelo tratamento destes indivíduos.