Juventude, sexualidade e relações afetivo-sexuais: uma análise interseccional de jovens rurais e urbanos/as

Abstract

Esta tese tem como objetivo investigar, numa perspectiva interseccional, a sexualidade nos relacionamentos afetivo-sexuais (ficar e namorar) de jovens moradores de áreas urbanas e rurais. Insere-se no campo da Psicologia Social, tendo como perspectiva teóricoepistemológica norteadora as leituras do Construcionismo Social sobre interseccionalidade e sexualidade. A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas públicas do Ensino Médio do Estado de Pernambuco, localizadas em Santa Cruz da Baixa Verde, na microrregião do Pajeú, há 437km de distância da capital Recife, e outra na região metropolitana de Recife, no bairro de Boa Viagem. Teve duração total de aproximadamente dez meses, período em que foram realizadas observações participantes, anotações no diário de campo e dezessete entrevistas semi-estruturadas (oito na área rural e nove na área urbana) gravadas e transcritas, que compuseram o material analisado. Rural e urbano não são pensados como espaços dicotômicos, mas como espaços que agregam processos psicossociais que produzem subjetividades, formas de ser nos indivíduos que partilham desses contextos. Assim, ainda que existam elementos compartilhados pelos/as jovens rurais e urbanos/as, sua manifestação é específica em cada contexto. O pertencimento aos diferentes contextos e suas características produzem na vida dos/as jovens posições de sujeito e subjetividade e marcam a forma dos/as jovens relacionarem-se. Nas áreas rurais, a interferência da família e comunidade nas relações afetivo-sexuais dos/das jovens é tomada como parte do modo de vida rural, porém, os/as jovens utilizam diferentes estratégias para driblar o controle sobre seus corpos e relações. O viver em áreas urbanas e a apropriação pelos/as jovens dos múltiplos espaços sociais existentes possibilitam formas de circulação dos corpos nas cidades, de consumo, do sistema de valores, de lidar com o tempo. Assim, os/as jovens urbanos/as gozam de maior liberdade circulação de seus corpos e de exercício da sexualidade.