Paisagem sertaneja : apreendendo imagens do semiárido nordestino à luz das suas representações

Abstract

A imagem sempre foi utilizada pela geografia, seja como uma representação gráfica, seja como o objetivo de construir uma mimeses da Terra. Estudar a relação da Geografia com as imagens, desde a Antiguidade Clássica, passando pelo seu advento em disciplina científica durante o Renascimento, até a sua incorporação no conceito de paisagem, ajuda a entender como as imagens estão inseridas no cotidiano das pessoas e como elas podem ajudar a construir relações com o ambiente geográfico. Nesta pesquisa o foco de análise estará vinculado ao poder da representação da paisagem, através da difusão de imagens, de significar os traços da cultura a qual está inserida. Alguns autores defendem que a grande produção intelectual desenvolvida sobre o tema “Sertão nordestino” ocasionou a disseminação de um imaginário nacional sobre esse recorte espacial relativo à seca e a miséria. Neste estudo será feita a análise de como as recentes transformações ocorridas neste recorte espacial, baseadas no crescimento econômico e na patrimonialização da Caatinga repercutiram em novas representações da paisagem sertaneja. E para que a análise não fique presa às “guerras culturais” de grupos dominantes, também serão analisadas outras representações feitas por organizações civis, que não estão bem apreendidas. Desta forma, estudar a paisagem sertaneja é também estudar as transformações culturais, políticas e sociais, que este recorte espacial vem passando e as mudanças nas representações do Sertão semiárido nordestino. Este estudo também contribui para o debate atual da ciência geográfica através da discussão sobre as novas maneiras de se abordar o conceito de paisagem e o estudo das imagens e a importância desta nova abordagem para o desenvolvimento da Geografia enquanto disciplina científica, e pretende oferecer um arcabouço teórico para futuras pesquisas e relativas ao Sertão nordestino.