Do Vazio à Vitalidade: hortas comunitárias como reapropriação coletiva de vazios urbanos

Abstract

Este trabalho investiga a ocupação de vazios urbanos por meio de hortas comunitárias, compreendendo essa prática como uma estratégia de apropriação coletiva do espaço urbano frente às desigualdades socioespaciais. Os vazios urbanos, enquanto expressões materiais da especulação imobiliária e do planejamento excludente, representam uma falha na efetivação da função social da propriedade e contribuem para a fragmentação das cidades brasileiras. Diante da previsão de crescimento contínuo das áreas urbanas e da população urbana nas próximas décadas, torna-se urgente repensar a utilização desses espaços ociosos. Nesse contexto, as hortas urbanas surgem como formas de resistência e regeneração territorial, ao introduzirem práticas ecológicas e colaborativas em territórios marginalizados. A partir de estudos bibliográficos, entrevistas e visitas, é realizada a análise de três hortas comunitárias localizadas na cidade do Recife. Assim, o trabalho busca compreender como essas iniciativas tensionam o modelo de urbanização e reconfiguram as relações entre campo e cidade, produção e consumo. Além disso, propõe reflexões sobre os desafios e limitações enfrentados no processo de ocupação e sobre a participação do profissional de Arquitetura e Urbanismo nessas iniciativas. Ao propor uma leitura das hortas como práticas espaciais coletivas, o estudo aponta para a possibilidade de construção de cidades mais justas, sustentáveis e conectadas com as necessidades reais de seus habitantes.