Impacto do uso de antimicrobianos na função renal de pacientes hospitalizados: um estudo observacional

Abstract

Os rins são órgãos vitais para a homeostase corpórea, mas estão suscetíveis à injúria renal aguda (IRA), uma complicação frequente em pacientes hospitalizados, muitas vezes induzida por medicamentos. Dentre as causas de IRA, destaca-se a nefrotoxicidade associada aos antimicrobianos, fármacos amplamente utilizados em ambiente hospitalar, cuja toxicidade pode ser intensificada pela polifarmácia e interações medicamentosas. Classes como glicopeptídeos, aminoglicosídeos e beta-lactâmicos apresentam significativo potencial nefrotóxico, especialmente em politerapia, e diversas comorbidades podem agravar esse risco. Diante desse panorama, o presente estudo teve como objetivo avaliar a relação entre o uso de antimicrobianos e as alterações renais em pacientes internados em um hospital universitário. Para isso, foram levantados dados sociodemográficos, analisadas as monoterapias e politerapias de antimicrobianos, e investigados os mecanismos de nefrotoxicidade associados aos fármacos que causaram alterações nos biomarcadores renais. Os resultados revelaram uma população predominantemente masculina, com média de idade de 61,24 anos e alta prevalência de hipertensão arterial sistêmica e problemas respiratórios. As politerapias de vancomicina com piperacilina-tazobactam e as monoterapias de sulfametoxazol-trimetoprima, anfotericina B e ciprofloxacina foram os antimicrobianos mais frequentemente associados a alterações nos marcadores renais, sugerindo possível IRA. Conclui-se que o monitoramento farmacoterapêutico contínuo é fundamental para promover a farmacovigilância e o uso seguro e racional dos antimicrobianos, contribuindo para a segurança do paciente e a otimização da terapia hospitalar.