Leitura crítica de Os Lusíadas: uma análise acerca da voz dissonante do personagem Baco

Abstract

O presente trabalho pretende desenvolver, por meio de uma leitura crítica do livro Os Lusíadas (2024), do escritor português Luís Vaz de Camões, a possibilidade de reinterpretar a função do personagem Baco. Em congruência com as ideias de Nóbrega (2012), pretendemos analisar a possibilidade de observá-lo como potencial expositor de criticidade frente ao processo brutal da colonização portuguesa. Dito isso, para gerar essa compreensão, abordaremos, durante o texto, as ambiguidades que permeiam a história do deus do vinho, que contribuem com a atribuição de outra função para o seu personagem. Neste estudo, também fundamentaremos nossas análises com base em Bernardes (2022), Marchant (1943), Mignolo (2019), Moisés (1981) Saraiva (2001) e Silva (2012). Por esse viés, torna-se possível elucidar a figura de Baco como um símbolo de decolonialidade, pois, através dele, é possível conhecer os impactos das navegações nas colônias portuguesas. Dessa maneira, a partir do nosso ponto de vista, o personagem não representa apenas a função de opositor no poema épico. Logo, a ambiguidade do deus, em conjunto com dissonância do personagem, pode possibilitar, nessa leitura, a exposição do processo de devastação causada pelos lusitanos às colônias durante as navegações.