As diferentes vivências espaciais resultantes das intervenções urbanísticas no Bairro do Recife

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo analisar as diferentes vivências espaciais resultantes das intervenções urbanísticas no Bairro do Recife a partir da década 1990 até os dias atuais, considerando os impactos sociais, culturais e urbanísticos decorrentes da ação do Poder Público e da iniciativa privada na requalificação do espaço. A pesquisa parte de uma abordagem com base em revisão bibliográfica, levantamento documental, além de visitas e aplicação de questionários com frequentadores e moradores da região. A análise teórica foi conduzida à luz das contribuições teóricas de Henri Lefebvre, sobre à produção do espaço e à distinção entre espaços de representação e representações do espaço, e de Fernando Carrión, que discute o papel dos centros históricos como espaços de resistência e identidade, que cumprem notadamente uma função importante na dinâmica de todo o território. Apesar de existirem alguns projetos de cunho social para a área - Plano de Reabilitação e Projetos de Requalificação Urbanística da Comunidade do Pilar - a contribuição dos demais projetos implantados - Programa Monumenta, Porto Novo, Porto Digital, Política do Recentro - para a revitalização do patrimônio material, evidencia uma fragilidade nas políticas públicas voltadas à permanência da população residente e à manutenção das dinâmicas cotidianas locais. Os resultados - refletidos no cotidiano do bairro, após as intervenções analisadas - denotam um processo contínuo de valorização territorial atrelado à lógica do mercado, que promove transformações físicas significativas no bairro, ao passo que, acentua dinâmicas de exclusão social e gentrificação, perpetuando a realidade de vulnerabilidade daqueles que residem no local. Portanto, a partir das vivências relatadas pelos respondentes e das análises aqui elencadas, propõem-se diretrizes urbanísticas voltadas para a revitalização do bairro de forma completa, visando não só a reestruturação física, mas sim a preservação do histórico através dos usos e do valor social, por meio do fortalecimento da função habitacional e da limitação do protagonismo do setor privado como agente planejador.