Situando a licenciatura em pedagogia nos processos de interiorização da UFPE: uma leitura a partir da sociologia da educação.

Abstract

Este trabalho busca compreender, sob uma perspectiva sociológica, os impactos da interiorização da Licenciatura em Pedagogia da UFPE no Agreste pernambucano. A partir dos aportes teóricos de Pierre Bourdieu, entende-se que, embora a universidade se apresente como espaço de democratização, ela não se desvincula das lógicas de reprodução social. O conceito de habitus permite compreender como os estudantes carregam marcas de seus contextos sociais, impactando suas trajetórias acadêmicas, potencializando ou dificultando seus processos formativos. O capital cultural, social e simbólico de cada sujeito influencia diretamente suas possibilidades de permanência e sucesso. Contudo, dialogando com Anthony Giddens e sua Teoria da Estruturação, compreende-se que as estruturas não são determinantes absolutos. Os sujeitos são agentes reflexivos, capazes de ressignificar e transformar seus contextos. Nesse sentido, a interiorização universitária configura-se como um fenômeno paradoxal: amplia o acesso e favorece a mobilidade social, mas também carrega práticas excludentes e violências simbólicas, frequentemente veladas por discursos meritocráticos. Portanto, para analisar essas questões, foi realizada uma pesquisa com estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFPE/CAA, do sétimo período em diante, visando coletar dados sobre suas experiências acadêmicas. Parte-se do pressuposto que esses alunos não são apenas produtos das estruturas, mas também produtores de novas realidades, construindo percursos muitas vezes contra hegemônicos. Essa abordagem metodológica permite compreender o curso não apenas como espaço de formação profissional, mas como campo social dinâmico, marcado por disputas simbólicas, transformações e resistências.