Desafios de acesso e permanência de estudantes neurodivergentes no ensino superior em uma universidade pública

Abstract

A neurodiversidade reconhece as diferentes formas de funcionamento neurológico como parte da diversidade humana, sem tratá-las como anormalidades. No Brasil, a legislação assegura o direito à educação e, com a Lei Brasileira de Inclusão, ampliou o acesso ao ensino superior por meio de cotas para pessoas neurodivergentes, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este estudo analisou os desafios enfrentados por estudantes neurodivergentes no ensino superior, abordando aspectos como acesso, permanência e suporte institucional. A pesquisa, de natureza qualitativa e exploratória, foi realizada com 13 estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), utilizando entrevistas semiestruturadas e a técnica de análise temática. A amostra foi obtida por meio da estratégia de bola de neve, em que os participantes indicavam novos contatos até a saturação dos dados. O estudo revelou que a falta de adaptação pedagógica, o desconhecimento dos professores com relação à neurodiversidade e a ausência de suporte, dificultam a trajetória dos estudantes neurodivergentes. A permanência no ensino superior é desafiadora devido à sobrecarga acadêmica e à falta de compreensão inclusive por parte de membros da própria comunidade universitária, gerando isolamento. O estudo reforça a necessidade de políticas inclusivas, como capacitação docente e maior acessibilidade, para garantir um ambiente acadêmico equitativo e acolhedor.