Argumentação como regra do jogo : um olhar para o processo de elaboração de jogos didáticos a partir do perfil conceitual de substância na formação inicial de professores de química

Abstract

Na presente pesquisa buscamos refletir, no contexto da formação inicial de professores de Química, sobre dois temas: a argumentação e a articulação entre diferentes linguagens no ensino de Química. Primeiramente, analisamos como as temáticas relacionadas ao processo de desenvolvimento de jogos didáticos e pedagógicos vêm sendo debatidas na produção científica nacional e internacional. Em um segundo momento, analisamos se, em um processo de elaboração de jogos — elaborados por licenciandos em Química a partir do perfil conceitual de substância —, é possível identificar estratégias argumentativas e como ocorre a articulação entre distintos modos de ver e compreender o conceito em questão. Para a construção dos dados, trabalhamos nas seguintes frentes: primeiramente, realizamos um levantamento da produção científica nacional e internacional a respeito dos jogos no ensino de Ciências e observamos as possíveis relações que seu uso pode estabelecer com o processo argumentativo. Posteriormente, foram realizadas observações a respeito dos sentidos e significados que emergem na linguagem de licenciandos em Química durante o processo de elaboração de jogos, pensados a partir do perfil conceitual de substância. Por fim, realizamos a análise da argumentação desenvolvida pelos respectivos participantes da pesquisa nesse mesmo processo, fazendo, então, reflexões sobre como os jogos elaborados por eles possibilitam tal articulação, argumentação e a emergência de diferentes zonas do perfil conceitual de substância. Para analisar os dados obtidos, utilizamos a metodologia da Análise Textual Discursiva (ATD) (Moraes; Galiazzi, 2006), nos artigos selecionados a partir da análise cienciométrica, e o uso da semiótica social e itens temáticos (Lemke, 1997) para compreender as falas dos participantes deste estudo. Reconhecemos, a partir dos estudos de Soares (2004; 2016), a relevância em utilizar os jogos no ensino de Química. No entanto, também constatamos que há necessidade de mais pesquisas que evidenciem as potencialidades em se utilizar os jogos para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, sendo um caminho possível objetivar a argumentação para desencadear uma aprendizagem de conteúdos científicos de forma engajada e crítica. Enquanto resultado da etapa formativa de elaboração de jogos por licenciandos em Química, notamos que as significações e formas de falar associados às zonas do perfil conceitual de substância apresentaram boa diversidade durante o processo, sendo possível identificar todas as zonas, mas com maior incidência da utilitarista/pragmática, o que acreditamos relacionar-se à intenção em contextualizar o conteúdo de substância nos jogos elaborados. Como último objetivo, percebemos que o uso da Teoria dos Perfis Conceituais na elaboração de jogos pode contribuir para o desenvolvimento de aspectos argumentativos entre os licenciandos e, também, durante a aplicação dos jogos propostos. Além de buscar contribuir para os estudos envolvendo a Teoria dos Perfis Conceituais, mais especificamente o perfil conceitual de substância, consideramos que esta pesquisa também se coloca a refletir sobre a necessidade de discussão sobre a aplicação de jogos enquanto recurso potencializador no processo de ensino e aprendizagem, visando demonstrar as possibilidades de aliar esses elementos à reflexão crítica desencadeada pelo uso da argumentação no ensino de conteúdos de Química.