Trabalho escravo contemporâneo e uso econômico da natureza : as faces da política militar na Amazônia brasileira (1970)

Abstract

Este trabalho tem como objeto de estudo o fenômeno contemporâneo do “trabalho análogo ao de escravo”, ou “trabalho escravo contemporâneo”, no período da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Os governos militares instauraram uma nova política modernizadora que mobilizou diversos dispositivos jurídicos e reformulações institucionais objetivando uma maior inserção do Brasil na economia capitalista globalizada. Essa política incluiu a implementação de planos governamentais visando à ocupação da Amazônia, apresentada discursivamente, através de meios institucionais e da imprensa, como uma “terra vazia” e “atrasada”, cujos recursos naturais não estavam sendo aproveitados em prol do desenvolvimento da nação. Os ideais de integração nacional e da segurança interna nortearam o modelo de desenvolvimento econômico colocado em prática pelos governos militares, em parceria com setores da economia privada. Sobretudo entre 1969-1974, a aplicação de políticas de ocupação e uso da terra na Amazônia foram sustentadas por uma racionalidade tecnocrata que impôs uma organização das relações de trabalho pautada na exploração, de modo que não é uma coincidência o aumento dos casos de trabalho escravo contemporâneo nesse período. A relação entre as políticas de ocupação da Amazônia e a ampliação dos casos de trabalho escravo contemporâneo, portanto, figura como elemento central no trabalho desenvolvido. Palavras–chave: Amazônia, Ditadura Militar, Trabalho Escravo Contemporâneo.