Parto domiciliar planejado assistido por enfermeiro obstétrico: desafios e as estratégias adotadas diante das complicações

Abstract

INTRODUÇÃO: A decisão sobre o local de parto é uma escolha que envolve segurança e preferências. Com a crescente insatisfação da assistência ao parto em instituições hospitalares, o parto domiciliar planejado (PDP) desponta como uma alternativa para as gestantes, por representar um modelo de assistência pautado na humanização. A assistência ao parto e nascimento de baixo risco que se mantenha dentro dos limites da normalidade pode ser realizada tanto por médico(a) obstetra quanto por enfermeiro(a) obstetra ou obstetriz. Contudo, a assistência de enfermeiros(as) obstetras é recomendada por apresentar vantagens em relação à redução de intervenções e maior satisfação das mulheres. OBJETIVO: Compreender o cuidado e desafios existentes no parto domiciliar planejado prestado pelos enfermeiros(as) obstetras. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, desenvolvido em Recife-PE. Participaram 9 enfermeiros(as) obstetras que atuam na assistência ao parto domiciliar planejado, aplicando-se roteiro de entrevista semiestruturado online. Para a análise dos dados, o recurso escolhido foi a análise temática de Minayo. Durante a pesquisa foram preservados os aspectos éticos preconizados pela Resolução N° 466/12 e 510/16. RESULTADOS: Os depoimentos das participantes evidenciam diversos desafios enfrentados na prática do PDP, entre os quais se destacam a discriminação sociocultural, as dificuldades relacionadas às transferências hospitalares e os conflitos interprofissionais. Ademais, foram mencionadas a ausência de cobertura pelo SUS e por planos de saúde privados, a desvalorização financeira da atuação do(a) enfermeiro(a) obstetra e a necessidade de maior efetividade na implementação dos protocolos vigentes. Essas questões refletem os principais obstáculos identificados no estudo. CONCLUSÃO: O estudo revela os desafios enfrentados pelos(as) enfermeiros(as) obstétricos(as) no PDP, como barreiras culturais, institucionais e falta de reconhecimento profissional. Além disso, destaca a importância de políticas públicas, educação continuada e protocolos baseados em evidências para aprimorar a segurança, a humanização e a valorização dessa prática. Os achados oferecem subsídios para fortalecer um modelo de assistência inclusivo e respeitoso.