Instrumentos de coleta de dados sobre violencia obstétrica: revisão de escopo.

Abstract

Introdução: A violência obstétrica é um problema mundial de saúde pública e uma violação aos direitos sexuais e reprodutivos. No Brasil, os dados sobre este fenômeno podem variar significativamente devido à diversidade de métodos utilizados para identificá-lo , avaliá-lo e/ou mensurá-lo. Entre os principais instrumentos de coleta de dados, destacam-se questionários, entrevistas, observações e ferramentas tecnológicas. Objetivo: mapear os instrumentos de coleta de dados sobre violência obstétrica. Método: trata-se de uma revisão de escopo, realizada entre os meses de março e setembro de 2024, nas bases de dados PUBMED/MEDLINE, LILACS, BDENF, Embase, SCOPUS, WEB OF SCIENCE, CINAHL, COCHRANE e SCIELO, conduzida seguindo as diretrizes de Instituto Joanna Briggs, em conformidade com a recomendação PRISMA com extensão para Revisão de Escopo. Fontes de literatura cinzenta também foram consultadas, incluindo GOOGLE SCHOLAR, ProQuest Dissertations & Theses Citation Index, Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Os critérios de inclusão foram estudos disponíveis na íntegra, sem restrição de idiomas e período. Resultados: Fizeram parte da amostra final 32 estudos para mensurar a violência obstétrica, o qual dez abordavam sobre a elaboração e validação de instrumentos, cinco realizaram adaptação e validação cultural e dezoito avaliaram propriedades psicométricas e/ou validaram os instrumentos. Os países do continente americano foram os mais representados (Brasil 04, Canadá 02, Estados Unidos da América 02, Chile 01, Peru 01, Equador 01, Venezuela 1). Os estudos foram publicados entre os anos de 2003 e 2024 revelando formas recorrentes de violência obstétrica, categorizados como abuso físico, cuidado indigno e abuso verbal, intervenções não consentidas, cuidado não confidencial ou privativo, discriminação, abandono/ negligência/recusa de assistência e detenção nos serviços, bem como violência física, verbal, sexual, discriminatória, institucional, financeira e psicológica, sendo esta última a mais prevalente. Conclusão: A pesquisa mapeou uma diversidade de instrumentos desenvolvidos e disponíveis para a coleta de dados sobre violência obstétrica, permitindo a seleção de um instrumento mais adequado para a investigação da violência obstétrica em pesquisas futuras. A subutilização desses instrumentos pode ser atribuída ao desconhecimento dos profissionais de saúde e à ausência de obrigatoriedade na notificação de casos de violência obstétrica, que ainda é reportada principalmente por meio de boletins de ocorrência, quando denunciada. Recomenda-se a realização de estudos que explorem o conhecimento desses instrumentos pelos profissionais da área de saúde da mulher, bem como os mecanismos de notificação adotados pelas instituições. Os profissionais da saúde devem ser treinados para reconhecer e abordar a violência obstétrica, compreendendo suas formas e consequências. Por meio da escuta ativa, surge um ambiente seguro para que as mulheres se sintam à vontade para relatar experiências de violência, incentivando uma comunicação aberta, além disso, nesse momento, profissionais enfermeiros devem estar preparados para utilizar os instrumentos disponíveis, a fim de aplicar em pesquisas que visem melhorar as práticas de enfermagem e a experiência do gestar e parir , e oferecendo apoio emocional e encaminhamentos para os serviços de saúde.