Determinação do perfil do uso off-label de medicamentos no setor de pediatria de um hospital universitário de Pernambuco

Abstract

O uso de medicamentos de maneira off-label é definido pela administração por uma via, dose, posologia ou indicação diferente do estabelecido no registro do produto na Agência Reguladora responsável no país. Essa prática é muito recorrente para o público pediátrico, uma vez que há escassez de estudos clínicos para esse grupo de pacientes pelas questões éticas envolvidas. Partindo desse ponto, é necessário a realização de estudos na área da farmácia clínica que avaliem o uso de medicamentos de forma off-label na pediatria. Sendo assim, o presente projeto teve como objetivo principal traçar o perfil de uso dos medicamentos off-label na enfermaria de pediatria de um hospital universitário de Pernambuco. Tratou-se de um estudo transversal, retrospectivo, com abordagem quantitativa e qualitativa, em que foram analisados prontuários referentes a 514 internações de pacientes, com idade entre 0 e 18 anos, que foram acompanhados no serviço no período de 9 meses. Foram coletados dos prontuários dados gerais e informações referentes aos dados do perfil sociodemográfico, clínico e farmacoterapêutico. As variáveis sociodemográficas analisadas foram: idade, sexo, peso e altura. Nas variáveis clínicas foi analisado o estado nutricional, por meio da análise do peso, altura e IMC. Já o dado farmacoterapêutico avaliado foram os medicamentos prescritos. Em relação aos medicamentos off-label foi avaliado a dose, indicação terapêutica, forma farmacêutica, via de administração, posologia e modo de preparo. O principal achado desse estudo foi a identificação de uma incidência de elevada da prescrição de medicamentos com indicação e via de administração off-label. Quando comparados o grupo de pacientes escolares distróficos aos eutróficos observou-se um percentual de 51,23% de uso de indicações off-label para os pacientes distróficos, esse dado está associado a necessidade desse grupo de utilizar medicamentos que não são especificamente aprovados para sua idade ou condição clínica. Além disso, o estudo evidenciou que a duração da internação está relacionada à média de itens prescritos, com um aumento na média de prescrições à medida que o tempo de hospitalização se estende, observou-se uma média entre 4,36 e 5,25 itens prescritos para pacientes que passaram mais de 14 dia internados no serviço. O estudo constatou que há um elevado número de prescrições off-label para os pacientes acompanhados na enfermaria de pediatria e que o estado nutricional do paciente é um fator que impacta em um maior número de prescrições off-label de medicamentos. É importante ressaltar, também, a necessidade de pesquisas adicionais para validar e desenvolver medicamentos apropriados para essa população, assim como a urgência de atualizações nas regulamentações que orientam a prescrição off-label, garantindo um cuidado mais seguro e eficaz para as crianças e adolescentes.