Análise do Potencial Citotóxico e Genotóxico de um Peptídeo Antimicrobiano Racionalmente Modificado Bioinspirado em Alpha-Hairpinin

Abstract

O uso indiscriminado de antibióticos tem levado a um rápido aumento da resistência dos microrganismos e, consequentemente, gerado um grande problema de saúde pública. Por esta razão, há necessidade de desenvolver novos agentes antimicrobianos para combater diversas doenças infecciosas de maneira eficaz. Peptídeos Antimicrobianos (AMPs) modulam o sistema imunológico inato de diferentes formas de vida e desempenham um importante papel como proteínas de defesa em espécies vegetais, mostrando diferentes propriedades biológicas, como atividades antibacterianas, antifúngicas e antivirais. Neste contexto, considerando o potencial dos AMPs de Plantas (P-AMPs) para o combate aos microrganismos, o presente estudo avaliou o potencial citotóxico e genotóxico de um P-AMP racionalmente modificado (RAMP), inspirado em uma alpha-hairpinin identificada na planta Cenostigma pyramidale (catingueira, Cp_hp1), modificada e sintetizada pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Genética e Biotecnologia Vegetal (LGBV). Para avaliação do potencial cito e genotóxico do RAMP foi utilizada a linhagem celular Vero E6. A citotoxicidade foi analisada mediante o teste de MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5- diphenyltetrazolium bromide) em sete concentrações, variando de 16 a 1024 μg/mL. Por sua vez, o potencial genotóxico foi avaliado mediante o ensaio de Micronúcleo com Bloqueio de Citocinese (CBMN), em concentrações variando de 128 a 512 μg/mL. Os resultados obtidos mostraram ausência de citotoxicidade para as concentrações de 16 (90,58%) a 256 (83,90%) μg/mL. Quanto à genotoxicidade, o teste CBMN revelou ausência de potencial genotóxico em 128 e 256 μg/mL. Em suma, o RAMP Cp_hp1 apresenta potencial de uso seguro para as células e nas condições testadas (concentrações até 256 μg/mL), sugerindo um potencial promissor para este RAMP no desenvolvimento de novos antibióticos à base de peptídeos, atuando como novo agente terapêutico. No entanto, são necessários mais testes para validar a segurança, tanto in vivo quanto in vitro em outras linhagens celulares.