As "mulheres de conforto" em Herdeiras do Mar (2020): uma reflexão sobre gênero, classe e etnia

Abstract

A literatura propõe uma representação social e histórica de uma realidade que ela às vezes confirma, noutras nega, ora propõe, ora denuncia, às vezes apoia e outra hora combate. Através de diversos formatos linguísticos e imagéticos, a literatura inclui emoções e visões de mundo, registrando e interpretando o presente, reconstruindo o passado e inventando o futuro. A partir disso, o presente trabalho propõe uma análise das categorias de gênero, classe e etnia presentes no caso das "mulheres de conforto", tema abordado no romance Herdeiras do Mar (2020), através das teorias decoloniais. A pesquisa tem caráter qualitativo e bibliográfico, tendo como principais teóricos os autores Aníbal Quijano (2008; 2010) e María Lugones (2007; 2014); Ariel Parrilha (2022), Julia Okamoto (2013) e Tatiana Azenha (2018); Borges (2010) e Rosani Umbach (2010); e por fim Almeida (2011) e Prates e Lopes (2020). A partir das análises realizadas, podemos concluir que as categorias de gênero, classe e etnia se fazem presentes no caso das “mulheres de conforto” no romance literário Herdeiras do Mar (2020), justificando, assim, a condição de escravidão sexual imposta a estas mulheres. Além disso, pensando no contexto de ocorrência e nos desdobramentos que ocorrem até a atualidade, sugerimos utilizar o romance em aulas de literatura da Educação Básica como uma forma de abordar temáticas sensíveis e que estão presentes na realidade brasileira.