A ausência da literatura juvenil no Currículo do Ensino Médio de Pernambuco: resgates possíveis

Abstract

Lembrando a conceituação de Antonio Candido (2012) acerca da função da literatura, sobretudo no tocante à humanização do homem, ao possibilitar, assim, o desenvolvimento do senso crítico de si e do outro, convém lembrar, também, sua estreita relação com o leitor. É nesse sentido que este trabalho se desenvolve, aproximando essas discussões ao eventual ensino de literatura contemporâneo e sua consequente relação com o processo de continuidade da formação do leitor literário do Ensino Médio. Quanto a esse processo, Regina Zilberman (2008, 2012) já apontava para uma possível descontinuidade, uma vez que o trato escolarizado com o literário no Ensino Médio acaba se afastando do processo dialógico da literatura. Logo, entende-se que se a literatura, enquanto um dos objetos estudados nos últimos anos da Educação Básica, for restrita ao estudo sistemático e constrangido aos vestibulares, não há como fornecer brechas para a continuidade na formação desse leitor literário, iniciada, teoricamente, no Ensino Fundamental (Brasil, 2018a). A partir disso, lança-se, aqui, o olhar para argumentos que defendam a aproximação do leitor jovem, ainda em formação literária, a uma literatura que esse leitor talvez já esteja familiarizado, através, entre outros aspectos, da faixa etária: a literatura juvenil. Assim, neste trabalho, foram realizadas leituras sobre o ensino de literatura no Ensino Médio, bem como acerca da literatura juvenil, através, inicialmente, de uma abordagem qualitativa. Com base nisso, partiu-se para a leitura crítica e analítica do número de obras da literatura juvenil aprovadas pelo PNLD Literário 2018 (Brasil, 2018b, 2018c), através de uma metodologia quantitativa, visando investigar o porquê da ausência dessa literatura na etapa do Ensino Médio, cuja porcentagem da literatura juvenil revela determinada significância, e a ausência da recepção desta no currículo do Ensino Médio de Pernambuco (Governo do Estado de Pernambuco, 2021), revelando que, apesar das investidas do PNLD Literário em contemplar o jovem leitor, o currículo ainda se mantém atrelado às demandas que se distanciam de uma formação leitora.